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BFA, Atlantico Angola, Caixa Angola respondem à Deloitte sobre estratégia para o futuro

Os bancos portugueses têm vindo a diminuir as suas participações acionistas em bancos angolanos, mas ainda participam em quatro grandes bancos: Banco de Fomento de Angola; Banco Millennium Atlântico (ATL); Banco Caixa Angola (BCGA) e Finibanco Angola.
19 Julho 2023, 11h51

Os bancos portugueses têm vindo a diminuir as suas participações acionistas em bancos angolanos, mas ainda participam em quatro grandes bancos: Banco de Fomento de Angola; Banco Millennium Atlântico (ATL); Banco Caixa Angola (BCGA) e Finibanco Angola.

Recentemente o Banco Montepio anunciou a conclusão da venda de 51% do capital e dos direitos de voto que detinha no Finibanco Angola (FNBA) ao banco nigeriano Access Bank, pelo valor de 15.790.115 milhares de kwanzas, com o contravalor de 17,2 milhões de euros”. O Access Bank é uma entidade nigeriana. O Banco Montepio detinha 80,22% da instituição angolana, passando agora a ficar apenas com 29,22% do capital, que também é para vender.

O BPI que detém 48,1% do BFA já desencadeou vários movimentos para tentar vender essa participação. A mais recente tentativa acabou por ser suspensa por causa da desvalorização do kwanza, a moeda angolana, numa altura em que a Gemcorp e o grupo Carrinho já tinham apresentado proposta. O BFA é controlado maioritariamente (51,9%) pela Unitel, operadora de telecomunicações angolana que por sua vez pertence à Sonangol.

A CGD tem 51% do capital do Banco Caixa Geral (Angola), depois de, no ano passado, ter havido alterações acionistas. O BCGA é detido minoritariamente pelos empresários António Mosquito e Jaime Freitas, que entraram no capital no ano passado, quando a Sonangol se desfez da sua participação (no âmbito das privatizações em curso impulsionadas pelo Fundo Monetário Internacional). Ambos os empresários angolanos detêm 19,5% do banco, havendo 10% dispersos por outros investidores.

O BCP, através da BCP África, tem 22,5% do Millennium Atlântico cujo maior acionista é a sociedade Interlagos com 29,77%. Os restantes acionistas são a Sotto Financial Group com 19,80%; a Jasper Capital Partners – Investimentos e Participações com 18,12%; e há outros 9,78% dispersos. Aqui está incluído o presidente da Gemcorp, que tem também uma pequena participação de 1,9%.

O Novobanco que chegou a ter 10% do Banco Económico, ex-BES Angola, mas perdeu a participação acionista quando o banco foi intervencionado pelo Banco Nacional de Angola e ficou apenas um crédito sobre a instituição angolana onde qualquer libertação da imparidade seria constituída vai para o Fundo de Resolução. Sendo que no ano passado havia 66 milhões de euros a entrar nas contas do FdR por via desse acordo.

A Deloitte publicou agora o seu estudo da 17ª Edição do Banca em Análise, e nele questiona os CEO dos bancos angolanos sobre as principais metas e objetivos. Eis o que respondem os líderes dos bancos angolanos que têm capital português:

Quais as principais metas e objectivos traçadas para o Banco para o futuro próximo?

Luís Gonçalves, Presidente da Comissão Executiva do BFA (Banco de Fomento de Angola)

A redução das taxas de juro do mercado, a introdução de nova regulamentação, em que destaco a introdução da agenda ESG, vão criar pressões adicionais à capacidade de geração de receitas e controlo dos custos. Este novo paradigma vai obrigar os Bancos a reverem o seu modelo de negócio.

Acredito que temos condições ímpares para explorar as oportunidades e superar os vários desafios, com os quais nos vamos deparar, seguramente, ao longo desta caminhada. Vamos procurar, no equilíbrio, manter o nosso negócio rentável, tirando partido das nossas forças internas. Defendemos que os nossos clientes devem estar no centro do negócio e de tudo o que fazemos.

Vamos continuar a aprofundar a nossa cultura, orientando as nossas pessoas para o alto desempenho, ou seja, para que produzam valor em todos os níveis da organização, maximizando as vantagens de uma transformação digital acelerada.

António Assis de Almeida Presidente da Conselho de Administração e Miguel Raposo Alves Presidente da Comissão Executiva do Banco Millennium Atlântico (ATL)

O nosso enfoque mantém-se claro e firme: continuar a trabalhar no sentido de prestar uma experiência de excelência aos nossos clientes; continuar a promover a inclusão financeira; financiar as famílias e as empresas angolanas com o objectivo de promover a diversificação da economia e, desta forma, sermos merecedores da sua confiança. Acreditamos que conseguiremos atingir este fim último da nossa actividade através da materialização dos nossos pilares estratégicos.

Pilares esses que passam por “ser uma organização que reconhece e potencia os seus talentos, o seu principal activo; por fazer um uso eficiente da tecnologia para servir melhor clientes e talentos; ser uma organização alicerçada na informação e na extracção do seu valor para o cliente; por servir em maior escala com foco no cliente e na rentabilidade; e por alcançar uma estrutura financeira cada vez mais sólida e promover uma cultura de risco.

João Plácido Pires Presidente da Comissão Executiva da Caixa Angola (BCGA)

Crescer em negócio com os actuais clientes de bom risco, melhorando os rácios de transformação também pela concessão de mais crédito, sobretudo em dólares, a empresas exportadoras e para financiamento de investimentos.

Aprofundar as relações de parceria e o conhecimento do cliente para uma oferta de serviços cada vez mais personalizados. Captar mais clientes, empresariais e particulares, oferecendo serviços aos clientes e fornecedores dos nossos clientes. Segmentação mais fina dos clientes particulares, para melhor adaptar a oferta de serviços. Continuar a posicionar o banco no mercado das ofertas públicas de ações e operações similares, dentro dos limites do actual quadro normativo.

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