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BiG vê ‘downside’ de 15% nas ações da J. Martins com principais mercados já maduros

Os analistas do Banco de Investimento Global têm uma recomendação de ‘reduce’ para os títulos da retalhista, com um preço-alvo de 13,17 euros, com a perspectiva de “menores oportunidades de crescimento” no setor da distribuição em Portugal e na Polónia.
  • Inácio Rosa / Lusa
11 Setembro 2019, 12h53

O BiG – Banco de Investimento Global reiniciou a cobertura da Jerónimo Martins com um preço-alvo de 13,17 euros por ação, face à cotação de 15,56 euros do fecho de terça-feira, um downside de cerca de 15% explicado que o mercado de retalho em Portugal já estar maduro e o da Polónia prestes a atingir esse patamar, o que se traduz em menos potencial de crescimento nos dois principais mercados.

“Em Portugal, o mercado da distribuição pode ser classificado como maduro, enquanto na Polónia está a aproximar-se da maturação, o que implica que a Biedronka e o Pingo Doce não tenham espaço para crescer”, lê-se na nota de cobertura do BiG.

O BiG alerta ainda que nestes dois mercados “a demografia e o crescimento do PIB, assim como a taxa de inflação, não deverão alterar-se significativamente no futuro”.

“Por isso, não é expectável que a Jerónimo Martins tenha um crescimento excecional nestes mercados (mantendo uma taxa de crescimento entre 2% e 3%), e por isso deveria focar-se em manter a quota de mercado”, referem os analistas do banco.

As maiores oportunidades de crescimento para a retalhista nacional encontram-se no segmento “Health & Beauty” na Polónia, onde a Jerónimo Martins opera através da cadeia de parafarmácias Hebe, que registou um aumento de 25% das receitas em 2018, e também na distribuição na Colômbia, mercado no qual a empresa portuguesa atua através da Ara, cujas receitas cresceram 48% no ano passado.

Ainda assim, os analistas do BiG não antecipam que a Hebe nem a Ara consigam atingir a escala dos dois “gigantes” que a retalhista nacional detém na distribuição em Portugal e na Polónia. Consequentemente, a Hebe e a Ara deverão representar entre “5% e 7% das receitas totais no médio-prazo”.

“Além disso, a Ara e a Hebe têm sentido dificuldades em chegar aos lucros, o que cria incerteza quanto ao seu desenvolvimento no futuro”, salientou o BiG.

A Biedronka e a Pingo Doce deverão permanecer as duas linhas de negócio “core” para o BiG, gerando entre 80% e 90% das receitas totais no longo-prazo. No entanto, o banco alerta para algumas dificuldades nos mercados portugueses português e polaco.

O BiG alerta ainda que nestes dois mercados “a demografia e o crescimento do PIB, assim como a taxa de inflação, não deverão alterar-se significativamente no futuro”.

Lucros do Grupo deverão atingir os 436 milhões de euros este ano

Para o futuro, os analistas do BiG estimam que o resultado líquido do grupo Jerónimo Martins ascenda a 436 milhões de euros e um resultado por ação de 0,69 euros, apesar de dos prejuízos da 58 milhões de euros da Ara, o que será contrabalançado pela chegada ao break even da Hebe.

O BiG estima ainda que as receitas da Biedronka representem 67% das receitas do Grupo em 2019, com a cadeia de supermercados na Polónia a crescer 6,3% em resultado da política adotada para evitar os efeitos negativos da lei polaca que estabeleceu o encerramento dos supermercados ao domingo.

Em Portugal, o BiG antecipa que em 2019 o Pingo Doce represente 22% das receitas do grupo e que cresça 2,8%, à frente da Recheio (2,6%).

“Apesar das menores oportunidades de crescimento, a empresa continua líder na distribuição em Portugal e na Polónia, o que lhe permite gerar fluxos de caixa”, explica o BiG.

“Por isso, a Jerónimo Martins tem capacidades para distribuir dividendos razoáveis aos seus acionistas. Excetuando os casos de dividendos extraordinários, a empresa distribui entre 40% a 50% dos lucros, embora antecipemos que os dividendos poderão aumentar devido à subida anual do fluxo de caixa”, conclui.

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