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Boeing 737 Max: Pilotos tiveram cursos de segurança online através do Ipad

As explicações sobre o novo sistema de aumento de características de manobra, (MCAS na sigla inglesa) não faziam parte destes cursos, que além de serem de curta duração eram autoadministrados.
22 Março 2019, 12h49

Os pilotos em transição para os modelos da Boeing, 737 e Max 8, fizeram um curso online de curta duração e autoadministrado que não mencionava as explicações sobre o novo sistema de aumento de características de manobra (MCAS na sigla inglesa) e que está no centro das duas investigações das quedas dos aviões em seis meses, revela esta sexta-feira a “CNN”.

Os pilotos da Southwest Airlines e da American Airlines fizeram cursos que duraram entre 56 minutos e três horas, que destacaram as diferenças entre os MAX 8 e os 737, mas não explicaram o novo sistema de aumento de características de manobra, conhecido como MCAS.

O sistema projetado para comandar automaticamente o avião, no caso de uma queda iminente, está no centro das atenções do acidente de outubro do 737 da Lion Air, sendo que especialistas acreditam que pode também ter sido um fator importante no acidente da Ethiopian Airlines que matou 157 pessoas no início deste mês.

“O curso não foi dado por um instrutor. Foi autoadministrado”, referiu Mike Trevino, porta-voz do sindicato que representa os pilotos da Southwest Airlines. “O MCAS foi instalado no avião e a Boeing não deu essa informação aos pilotos”, afirmou Trevino.

A Boeing não fez até ao momento qualquer comentário.

Na sequência dos acidentes fatais, alguns pilotos estão a exigir treinos adicionais nos aviões da série 737 Max. “Se vamos ter equipamentos no avião que não conhecemos, então precisamos de ter essa experiência prática”, frisou o capitão Dennis Tajer, representante da Allied Pilots, uma associação que representa 15 mil pilotos da American Airlines.

“O curso de transição autoadministrado para os pilotos da American Airlines foi um curso online de 56 minutos”, referiu Tajer, que completou o seu curso no próprio iPad. “Este curso foi dividido em quatro seções, incluindo uma descrição geral das mudanças no avião, os motores e o painel de instrumentos, mas explicações ou mesmo um reconhecimento do sistema MCAS não existia”, salientou Dennis Tajer.

A Boeing desenvolve os cursos com cada companhia aérea individual, razão pela qual o curso de transição da Southwest foi mais longo que o da American Airlines. Contudo, quer Mike Trevino, quer Dennis Tajer assumem que ambos falharam em mencionar ou explicar o sistema MCAS.

A 27 de novembro, um mês após o acidente da Lion Air, o sindicato de pilotos da American Airlines reuniu-se com representantes da Boeing no Texas para transmitir “sérias preocupações sobre as questões levantadas pelo acidente e da investigação em curso”, segundo um comunicado da empresa.

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