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Boeing apresenta prejuízos semestrais de 2,56 mil milhões de euros e anuncia fim de produção do Jumbo 747

O CEO da Boeing, Dave Calhoun, apresentou os resultados semestrais da companhia e anunciou as medidas de “ajustamento” à nova realidade dos mercados internacionais na era da pandemia da Covid-19, entre as quais figura o fim da produção do Jumbo 747 e a redução da dimensão laboral do seu grupo.
29 Julho 2020, 16h49

O gigante aeronáutico Boeing perdeu 3 mil milhões de dólares – cerca de 2,56 mil milhões de euros – no primeiro semestre de 2020, mais 278% do que o prejuízo registado em igual período de 2019, o que constitui um dos piores resultados do fabricante norte-americano. O mau desempenho semestral do grupo com sede em Chicago, no Estado do Illinois – embora justificado pelo efeito devastador da crise pandémica da covid-19, conjugado com a paralisação dos aviões 737 Max – ficará igualmente associado a uma data histórica para a Boeing, que é a do anúncio do fim da produção do Jumbo, agendado para 2022.

O mítico 747, ex-libris aeronáutico da Guerra do Vietnam e um dos aviões que marcaram a ponte aérea africana que transportou para Portugal os designados “retornados”,  no pós-25 de abril de 1974, foi lançado há 50 anos, em 1970, sendo capaz de transportar mais de 600 passageiros. Esta decisão da Boeing foi tomada com base na “dinâmica e nas perspetivas do mercado atual” que consolidaram a tendência para a redução de dimensão dos aviões em circulação.

A Boeing detalha igualmente que no primeiro semestre as suas vendas caíram 25,73% comparativamente a igual período de 2019, atingindo 28,71 mil milhões de dólares – cerca de 24,49 mil milhões de euros. Na comunicação oficial efetuada pelo presidente executivo da Boeing, Dave Calhoun, foi explicado aos mercados internacionais que a empresa está a adotar medidas “para lidar com o impacto comercial sem precedentes da pandemia”. Estão entre estas medidas as estratégias de “ajustamento” gradual da “produção comercial” e a redução do número de trabalhadores afetos às atividades do grupo aeronáutico norte-americano.

No semestre, um dos piores momentos ocorreu no segundo trimestre, em que a Boeing perdeu 2,39 mil milhões de dólares – cerca de 2,03 mil milhões de euros –, ou seja, 18,6% menos do que em igual período do ano anterior. Quanto às receitas, desceram 25% para 11,8 mil milhões de dólares, o que corresponde a 10,05 mil milhões de euros.

Conjugando as perdas da Boeing provocadas pela pandemia com os efeitos nefastos causados pela paralisação dos aviões 737 Max – que foram proibidos de voar desde março de 2019, por causa dos dois acidentes aéreos ocorridos na Indonésia e na Etiópia, que provocaram 346 mortos – o construtor norte-americano continua a tentar minimizar os impactos reputacionais decorrentes do problema dos 737 Max, envidando todos os esforços de engenharia para que estes 737 possam voltar a voar garantido todos os parâmetros de segurança internacional.

Sobre as perspetivas da Boeing, Dave Calhoun adiantou que “as mudanças incluem uma redução ainda maior das taxas de produção de aviões comerciais: teremos um aumento mais lento na produção do 737 do que o projetado anteriormente, com um aumento gradual para 31 aviões por mês até o início de 2022”. “Reduziremos a taxa combinada de produção do 777 / 777X para dois por mês em 2021, que é uma unidade a menos por mês do que anunciamos no último trimestre”, prossegui, explicando que a companhia pretende “reduzir ainda mais a produção do modelo 787 para seis por mês em 2021”.

“Esse é um ajuste da redução que anunciámos no último trimestre, para 10 por mês, atualmente produzidos, e sete por mês até 2022”, detalha o CEO da Boeing. “Também precisaremos avaliar a forma mais eficiente de produzir o modelo 787, incluindo o estudo da viabilidade para consolidar a produção numa única fábrica”, adianta, esclarecendo que, “à luz da dinâmica e das perspetivas atuais do mercado, concluiremos a produção do icónico 747 em 2022”, mas garante que “o nosso compromisso com o cliente não termina na entrega dos aviões, pelo que continuaremos dando apoio aos aviões 747 que forem mantidos em operações”.

“O mercado simplesmente não suporta níveis mais altos de produção no atual momento, por isso precisamos de nos adaptar em conformidade”, explicou o CEO da Boeing. A companhia já tinha anunciado anteriormente uma “redução líquida de 10% da força de trabalho em 2020, recorrendo a uma política combinada de saídas voluntárias e involuntárias”, recordou, considerando que a redução de dimensão da Boeing terá de prosseguir. “Para reforçarmos a nossa liquidez no curto prazo, suspendemos a distribuição do dividendo, encerrámos o nosso programa de recompra de ações, reduzimos gastos discricionários e custos indiretos e emitimos 25 mil milhões em nova dívida”, refere Dave Calhoun.

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