O oligopólio formado entre a norte-americana Boeing e a franco-inglesa Airbus tem permanecido num jogo de equilíbrio. Mas, desde que no passado domingo caiu o segundo Boeing 737 Max 8 da Ethiopian Airlines, a segunda queda deste modelo em seis meses, as ações da empresa norte-americana iniciaram uma queda-livre e, nas duas últimas sessões, a Boeing já perdeu cerca de 26 mil milhões em bolsa.
Entre sexta-feira, dia 8 de março, a última sessão antes da queda do avião da Ethiopian Airlines, e a sessão desta quarta-feira, a Boeing tombou 10,75%, passando dos 422,54 dólares para os 377,14 dólares.
A desvalorização bolsista acentuou-se na terça-feira, depois de dezenas de países terem banido o modelo problemático da Boeing dos respectivos espaços aéreos. A China abriu as “hostilidades”, seguindo-se a União Europeia e, esta quarta-feira, Donald Trump seguiu pelo mesmo caminho. Na sessão terça-feira, as ações da Boeing caíram 6,15%.
Na última década, as concorrência entre as duas construtoras aéreas tem sido equilibrada ao nível das encomendas, embora a norte-americana tenha vantagem.
Segundo os dados do portal estatístico, Statista, divulgados pelo jornal espanhol, em 2007, a Boeing teve 1.279 pedidos, contra 1.448 da concorrente europeia. Até 2009, os pedidas de encomendas iniciaram uma trajetória descendente, ano em que ambas tiveram pedidos em número semelhante.
A partir desse ano, as encomendas de aviões da Airbus subiram paulatinamente até que, em 2012, passou para a liderança. Embora por pouco tempo. A Boeing manteve uma margem superior de encomendas até 2018, ano em que a Airbus teve 893 pedidos, acima dos 747 da Boeing.
Entre janeiro de 2009 e esta quarta-feira, na bolsa, ambas as empresas registaram uma valorização exponencial. Em onze anos, a Boeing ‘descolou’ 783,85%, contra 871,57% da Airbus.
Na primeira sessão do longínquo mês de janeiro de 2009, as ações da Airbus valiam 12,63 dólares, abaixo 45,25 da rival do outro lado Atlântico. Esta quarta-feira, a Boing valia 377,14 dólares, longe dos máximos de passado dia 1 de março, dia em que os títulos das asas americanas negociaram nos 440.62 dólares. Por seu turno, a Airbus fechou a sessão da véspera nos 116,88 dólares, os seus máximos históricos.
No acumulado de 2019, a construtora europeia subiu 39%, elevando a sua capitalização bolsista para os 90.400 milhões de euros. Um desempenho que confirma a Airbus como uma das estrelas voadoras das bolsas europeias este ano.
Enquanto a Boeing está envolvida em polémica que, naturalmente, tem impacto no seu desempenho em bolsa, a Airbus afigura-se como uma aposta de investimento em valor. Esta quarta-feira, os analistas subiram o preço da ação para os 127,95 euros, preço que aumentaria a sua capitalização bolsista para um adicional em duplos dígitos.
Mas há quem considere que a Airbus está reservada para voos mais altos. O Goldman Sachs, um dos bancos de investimento mais influentes no mundo da alta finança, incluiu as ações da construtora europeia entre os seus ativos favoritos e elevou o preço para os 142 euros.
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