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Bolsonaro: “Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria de me preocupar”

O Ministério da Saúde do Brasil recusou pronunciar-se sobre as palavras proferidas pelo presidente. No seu discurso, Jair Bolsonaro defendeu que não são necessárias medidas de quarentena e criticou os media.
25 Março 2020, 10h52

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro voltou a contrariar as autoridades de saúde e criticou as medidas de quarentena, sustentando que os meios de comunicação social estão a espalhar uma sensação de “pavor” entre os brasileiros.

Na televisão nacional, Bolsonaro criticou o pedido das autoridades de saúde, quando os especialistas pediram para os cidadãos se isolarem em casa para evitar a propagação do vírus, numa ação semelhante a diversos países do mundo.

O presidente brasileiro afirmou que, os meios de comunicação ao passarem o pedido de confinamento estão a disseminar a sensação de “pavor” entre as comunidades, voltando a referir que quem contrair o vírus sente apenas uma “gripe”.

Devido a estas declarações, o Ministério da Saúde do Brasil já informou que não se vai pronunciar sobre as palavras proferidas pelo presidente na rede de televisão nacional.

“O vírus chegou, está a ser enfrentado e brevemente passará”, sustentou o presidente, acrescentando que a “vida tem de continuar”. “Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos voltar à normalidade”, apontou Jair Bolsonaro.

“Algumas autoridades estatais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o encerramento de comércios e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Porquê fechar escolas?”, questionou o presidente brasileiro.

De acordo com Bolsonaro, são “raros os casos fatais de pessoas saudáveis com menos de 40 anos de idade”, sustentando que “90% não terão qualquer manifestação caso seja contaminado”.

“Devemos é ter em extrema preocupação não transmitir o vírus uns para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde”, apontou.

O presidente do Brasil falou ainda do seu caso pessoal, revelando que “pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria de me preocupar”, acrescentando que “nada sentiria ou seria, quanto muito, uma gripezinha ou um resfriado”.

Os meios de comunicação, por sua vez, foram em “contramão” às indicações, e estão a ser acusados de espalhar “a sensação de pavor”, tendo como base “o anúncio do grande número de vítimas em Itália”. “Um país com grande número de idosos e com o clima totalmente diferente do nosso”, disse Bolsonaro, explicando que Itália era “o cenário perfeito, potencializado pelos media, para que uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país”.

Ainda assim, Bolsonaro dá os parabéns à imprensa brasileira que “mudou o seu editorial”, onde “pedem calma e tranquilidade” aos cidadãos brasileiros. “Parabéns, imprensa brasileira. É essencial que o bom senso e o equilíbrio prevaleçam entre nós”.

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