A demissão do ministro Sérgio Moro provocou a queda do real para um novo mínimo histórico e muito desinteresse pelos ativos brasileiros. Fala-se da possibilidade de impeachment, mas o ângulo político é apenas o motivo mais recente para a depreciação da moeda, que se intensificou desde meados de fevereiro.

No início do ano as perspetivas até eram positivas. A economia brasileira parecia estar a retomar a trajetória de crescimento, o crédito estava em alta e as taxas de juro em mínimos, com a inflação controlada. Os mercados estavam agradados com as reformas económicas em curso, a melhoria das contas públicas e a perspetiva de privatizações em 2020.

No entanto, a pandemia e a queda dos preços do petróleo alteraram o contexto. A diminuição das exportações e o pânico nos mercados diminuíram a atratividade do país e o plano de privatizações foi inviabilizado. De previsões de crescimento de 2%, já se fala em contração económica de 5,5%. Entretanto, o vírus chegou ao Brasil e a forma despreocupada como Bolsonaro o encarou está a ter impacto, tendo provocado a demissão do ministro da saúde num momento desaconselhável.

Internacionalmente, a credibilidade do governo está indissociavelmente caucionada pela figura do ministro da Economia, Paulo Guedes. A sua saída provocaria, provavelmente, um novo êxodo de investidores estrangeiros.

Infelizmente, continuamente dividido entre a esquerda e a direita, o Brasil teima em não dar passos em frente.