O líder parlamentar do PS acusou o presidente da Assembleia da República de permitir o “discurso de ódio” dentro do parlamento, considerando que este caminho tem contribuído “para a degradação do debate”.
“Não antecipo que o PS tenha muito a dizer sobre o processo orçamental sem conhecer o orçamento. Esperaremos o momento oportuno”, afirmou Eurico Brilhante Dias, em entrevista à agência Lusa, quando questionado sobre o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026).
O dirigente do PS considera curioso que o Governo tenha marcado as autárquicas para dois dias depois da entrega do orçamento.
“Já tivemos a cena eleitoralista do aumento de pensões em setembro e agora estamos na forte expectativa de mais uma cena eleitoralista a 10 de outubro”, critica.
Remetendo para os órgãos do PS a decisão do partido, Brilhante Dias enfatiza que “a iniciativa orçamental é do Governo” e que é preciso conhecer a proposta para tomar uma opção.
“A iniciativa é do Governo e até esse momento o PS não vai formular, não deve formular uma posição sobre o orçamento”, afirma.
O líder parlamentar do PS acusou o presidente da Assembleia da República de permitir o “discurso de ódio” dentro do parlamento, considerando que este caminho tem contribuído “para a degradação do debate”.
Questionado sobre se não haverá negociações prévias como aconteceu no ano passado entre Luís Montenegro e o ex-líder do PS Pedro Nuno Santos, Brilhante Dias escusa-se a responder diretamente e aponta que os socialistas falarão “sobre o orçamento quando o tema for o orçamento” porque o foco, neste momento, são as eleições autárquicas e preparar propostas alternativas em diferentes áreas.
Sobre o que fará o PS caso o Governo convide a sentar-se à mesa das negociações antes da entrega do OE2026, o líder parlamentar socialista considera “pouco provável” que isso aconteça tendo em conta a atitude do executivo.
“Sobre o orçamento não sabemos o que vai acontecer e, por isso, o PS vai pronunciar-se no momento oportuno, provavelmente, quando conhecer as linhas do orçamento”, insiste.
Eurico Brilhante Dias volta a liderar a bancada parlamentar do PS numa situação muito diferente daquela que encontrou quando ocupou este mesmo lugar durante a maioria absoluta de António Costa, estando agora o partido reduzido a menos de metade dos deputados que tinha então.
O líder parlamentar do PS acusou o primeiro-ministro de estar a governar em coligação com o Chega, considerando que André Ventura é um “agente de transformação” do PSD por fora.
Sobre os maus resultados eleitorais nas legislativas de 18 de maio, recusa a ideia de uma responsabilidade unipessoal de Pedro Nuno Santos e considera que “é uma responsabilidade do coletivo do PS”.
“Eu apoiei o secretário-geral na sua decisão e fiz campanha ao lado dele para termos o melhor resultado possível. Não entrarei na lógica da culpa de um homem, num determinado momento. Pedro Nuno Santos não merece isso”, enfatiza.
Sobre um eventual incómodo de ter o ex-líder do PS na bancada, o dirigente socialista responde, “meio a brincar, meio a sério”, que Pedro Nuno Santos é talvez o deputado do PS “que mais merece estar no Parlamento”.
“Foi seguramente aquele que durante mais dias e de forma mais empenhada lutou para que pudéssemos ter o melhor resultado possível e para ser eleito. E por isso o Pedro Nuno é bem-vindo à bancada, está na bancada, contamos com ele sem acrimónias“, assegura.
Já sobre a polémica que envolve a demolição de barracas em Loures, câmara liderada pelo socialista Ricardo Leão, Brilhante Dias foi questionado sobre a posição do candidato presidencial e ex-secretário-geral do PS, António José Seguro, de que decisões como estas precisam de ser tomadas “com a cabeça, mas executadas com o coração”.
“É muito difícil estar a criticar o Ricardo Leão e dizer que ele não tem coração. O Ricardo Leão tem coração”, defende.
Na opinião de Brilhante Dias, que aponta o dedo ao Governo na falta de respostas nesta matéria, “é uma situação particularmente dura, mas só no PS é que este assunto seria discutido assim”.
“Porque é uma realidade social muito difícil, para o qual os socialistas pedem soluções mais do que de derrubar barracas. Procuram soluções que sejam socialmente justas. E é por isso que é tão bom ser do PS“, observa.
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