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Britânicos querem mais empresas a apostar na energia renovável

Mercado de acordos de energia de longo prazo está vedado a pequenas e médias empresas. Britânicos defendem a criação de garantias públicas para as empresas conseguirem obter financiamento.
15 Novembro 2025, 10h00

Os acordos de energia de longo prazo (PPA) deixam de fora as empresas mais pequenas, pois não conseguem obter financiamento para celebrar contrato.

Estes acordos têm crescido com o aumento de centrais solares em Portugal. Os promotores usam os acordos para conseguirem financiar o projeto, pois dá previsibilidade de receitas durante um período alargado, dado que as novas centrais vendem a sua energia em mercado e os preços têm estado em baixa. Por outro lado, as empresas podem comprar eletricidade renovável a um preço fixo durante um período alargado de tempo.

Um dos promotores a atuar no mercado nacional defende a criação de mecanismos de garantias públicas para cobrir o risco de incumprimento de contrato por parte de empresas que não são ‘investment grade’. Isto ajudaria empresas industriais a fecharem acordos de compra de energia verde, mas também permitiria às centrais de energias renováveis obterem financiamento.

“Defendemos que exista algum apoio público para apoiar pequenas e médias empresas para terem acesso ao mercado de PPA, o que tem sido difícil devido aos constrangimentos no acesso ao crédito em Portugal”, disse ao JE Francesca Piazza da Lightsource BP.

“Existe um número limitado de empresas ‘investment grade’ e isto é uma barreira para o desenvolvimento dos PPA que são tipicamente de longo prazo. Assim assegurava-se a bancabilidade dos ativos renováveis e assegurava-se um compromisso de longo prazo que também é exigido pelo credores Isto ajudaria definitivamente o desenvolvimento de projetos em Portugal”, segundo a diretora de mercados energéticos para a Europa.

A mudança nas regras permitiria acelerar o número de acordos, acredita a gestora, dando o exemplo de Espanha onde já existem 12 gigas de PPA assinados contra os 500 megawatts em Portugal.

A companhia quer desenvolver mais de 1 gigawatt de energia solar em Portugal num investimento superior a mil milhões de euros, com várias centrais em desenvolvimento: Chamusca (281 MW); Planalto (130 MW) em Mogadouro; Sophia (900 MW) no Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova; Alqueva (430 MW) em Moura e Vidigueira; Paiva (290 MW) em Vila Nova de Paiva.

Ainda recentemente anunciou o investimento de quase 600 milhões de euros na central Sophia no distrito de Castelo Branco. Com quase 900 MWp de potência instalada, a central Sophia vai produzir suficiente eletricidade por ano para abastecer 370 mil lares. O processo encontra-se atualmente em fase inicial de desenvolvimento com a Avaliação de Impacte Ambiental em curso, anunciou a companhia, garantindo que o projeto será “ajustado em fundações das recomendações das entidades envolvidas”.

A empresa anunciou que pretende substituir eucaliptos por mais de 27 mil sobreiros e azinheiras como parte da reconversão depois do abate de 421 sobreiros e 1.120 azinheiras. No total, serão reconvertidos e reflorestados 228 hectares, incluindo 135 hectares atualmente ocupados por eucaliptos. Na área do projeto serão retidas 225 mil toneladas de CO2 equivalente ao longo dos 40 anos de vida útil do projeto

No armazenamento, a companhia elogia a possibilidade de “instalar baterias sem necessidade de avaliação de impacto ambiental, desde que o local tivesse sido incluído na anterior, i que faz sentido, porque já está tudo tudo estudado e é só uma estrutura. São contentores que se colocam numa zona que já foi estudada. Vai ajudar certamente a estruturar do ponto de vista financeiro o projeto”, segundo Miguel Lobo, diretor da empresa em Portugal.

No entanto, “ainda existe alguma indefinição na legislação das baterias e como é que elas poderão ajudar, nomeadamente serviços de sistema”, com o setor a aguardar para ver a decisão do Governo.

O projeto do Alqueva foi modificado entretanto, com uma potência agora menor face ao previsto, com menos painéis e estruturas fixas, mas também menos superfície, com a companhia a acreditar que agora vai conseguir obter aprovação ambiental.

Sobre a data de entrada em operação dos projetos, disse que “verdade é que quando nós entrámos em Portugal achávamos que iríamos licenciar os projetos bem mais cedo do que aquilo que pretendíamos. Não é segredo para ninguém que o licenciamento em Portugal é um dos obstáculos que os promotores de projetos têm, pois demora muito mais tempo do que aquilo que pretendíamos. Queremos que seja implementado o mais rapidamente possível”.

“Precisamos naturalmente de um PPA para servir como âncora ao financiamento do nosso projeto. Estamos a falar de um investimento de capital intensivo e precisamos de ter um projeto à prova de bala. Isto inclui um contrato de compra e venda da eletricidade, um PPA com um off taker de investment grade, e que nos dê condições de segurança para fazer o nosso investimento com uma contraparte que tem essa capacidade financeira que procuramos”, rematou Miguel Lobo.

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