[weglot_switcher]

Bruno de Carvalho e Mustafá arriscam prisão preventiva por crimes como terrorismo, ofensas e sequestro

A detenção de Bruno de Carvalho poderá ter repercussões nos processos de rescisão dos jogadores que abandonaram Alvalade, na sequência do ataque a Alcochete.
12 Novembro 2018, 09h56

Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting Clube de Portugal, e o líder da claque Juventude Leonina (Juve Leo), Nuno Mendes “Mustafá”, serão ouvidos amanhã (terça-feira) pelo Juiz de Instrução Criminal, no Tribunal do Barreiro, na sequência do caso das agressões a atletas do clube de Alvalade, na academia de Alcochete, em maio, onde poderão receber ordem de prisão preventiva por crimes como terrorismo, sequestro e ofensas à integridade física qualificadas.

De acordo com os jornais “Correio da Manhã” e “Jornal de Notícias” (JN) desta segunda-feira,  o Ministério Público tem na sua posse testemunhos e mensagens de WhatsApp que ligam diretamente Bruno de Carvalho e “Mustafá” ao sucedido no dia 15 de maio. Bruno de Carvalho terá sido o autor moral e Mustafá terá ajudado ao sucedido.

As autoridades acreditam que foi Bruno de Carvalho a autorizar cerca de cinquenta indivíduos a invadir a academia de Alcochete, em pleno treino da equipa principal de futebol do Sporting, para agredir atletas. O ex-presidente do clube verde e branco terá mandado o antigo líder da Juve Leo, Fernando Mendes, atualmente detido preventivamente, a “ir para cima dos jogadores”.

No domingo, pelas 17h45, Bruno de Carvalho foi detido pela GNR na sua residência, em Lisboa, a pedido do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, assim como”Mustafá”. Bruno de Carvalho passou, assim, a noite detido no posto da GNR de Alcochete, enquanto Mustafá passou a noite no posto da GNR da Pontinha, em Lisboa.

A detenção de ambos provocou também uma ronda de buscas na residência do ex-presidente do Sporting e na sede da Juve Leo, localizada no exterior do Estádio de Alvalade. Nas buscas à sede da claque, a GNR apreendeu, ainda, cerca de 200 gramas de cocaína, pelo que “Mustafá” pode ainda ser indiciado por tráfico de estupefacientes.

Na sequência das agressões na Academia de Alcochete, mais de 40 dos cerca de 50 invasores foram já identificados, segundo o JN. Até agora, excluindo Bruno de Carvalho e “Mustafá”, apenas 38 encontram-se detidos em prisão preventiva – todos eles estão indiciados pela prática de crimes de terrorismo, ofensa à integridade física qualificada, ameaça agravada, sequestro, dano com violência, incêndio florestal e introdução em lugar vedado ao público, segundo comunicado do Tribunal do Barreiro.

O último dos alegados envolvidos nas agressões aos jogadores do Sporting no passado dia 15 de maio, no centro de estágio de Alcochete, foi Bruno Jacinto, antigo Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do Sporting, que ficou em prisão preventiva, depois de ter sido ouvido no mês passado no Tribunal do Barreiro, no âmbito do ataque à Academia de Alcochete. O juiz justificou a medida de coação mais grave com perigo de fuga, risco de perturbação do inquérito e de continuação da atividade criminosa.

Bruno Jacinto, que na altura das ocorrências era oficial de ligação aos adeptos, está indiciado, entre outros, pela prática, em co-autoria, de mais de 20 crimes de ameaça agravada, 12 crimes de ofensa à integridade, 20 crimes de sequestro e um crime de terrorismo.

Detenção de Bruno de Carvalho prejudica Sporting com rescisões
A detenção de Bruno de Carvalho poderá ter, ainda, repercussões nos processos de rescisão dos jogadores que abandonaram Alvalade, na sequência do ataque a Alcochete.

Ainda estão por chegar a acordo as rescisões contratuais de Gelson Martins, Podence e Rafael Leão, que alegaram justa causa para sair do clube, depois do famigerado dia 15 de maio. Caso se confirme quer Bruno de Carvalho está incriminado no ataque à academia de Alcochete, tal facto poderá legitimar os despedimentos por justa causa desses atletas e, uma vez que atual direção de Alvalade ainda não acordou nada, o Sporting não receberá qualquer verba por essas rescisões.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.