A Comissão Europeia admite “não haver muitas alternativas” ao gás natural liquefeito (GNL) vindo dos Estados Unidos para a União Europeia (UE), falando na necessidade de “ter uma boa colaboração” com o país, apesar das tensões comerciais transatlânticas.
A posição é do comissário europeu da Energia, Dan Jorgensen, que em entrevista à Lusa e outras agências europeias no âmbito do projeto European Newsroom (Redação Europeia), em Bruxelas, disse que “o maior exportador de GNL para a UE são os Estados Unidos e não há muitas outras alternativas por aí”.
“Não quer dizer que não estejamos a tentar diversificar o mais possível – claro que estamos –, mas os Estados Unidos são o maior exportador e penso que, num período em que as relações entre os dois lados do Atlântico estão um pouco mais tensas do que o habitual, é positivo que sejamos capazes de falar uns com os outros sobre estas questões”, acrescentou Dan Jorgensen.
O comissário europeu da tutela admitiu que “não é um mercado com muitos países a fornecer GNL”, razão pela qual a UE está “muito consciente de que precisa de ter uma boa colaboração” com os Estados Unidos.
Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior fornecedor de gás à Europa, a seguir à Noruega.
Numa altura em que a UE tenta ser independente das importações de gás russo, que ainda pesam mais de 10%, Dan Jorgensen assinalou que “aqui os Estados Unidos são absolutamente fundamentais”.
“Isso é muito importante para as partes das nossas sociedades que ainda não deixaram de estar dependentes do gás. É claro que, no futuro, iremos utilizar cada vez menos gás, porque isso faz parte da descarbonização das nossas sociedades, mas também é claro que, apesar de estarmos a avançar rapidamente na direção certa, ainda temos indústrias e casas que dependem do gás durante alguns anos […] e, por isso, é muito importante falarmos com os diferentes países que podem fornecer isso no mercado”, elencou.
Há três anos, aquando do pico da crise energética acentuada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, Bruxelas avançou com um plano para eliminar progressivamente as importações russas de combustíveis fósseis, com uma das vertentes a ser precisamente a diversificação do aprovisionamento energético.
“Temos de estar gratos na Europa a alguns países que nos ajudaram na crise energética. Se não fosse a Noruega e os Estados Unidos – outros países, mas especialmente estes dois –, teríamos enfrentado problemas muito mais graves do que os atuais”, assinalou Dan Jorgensen.
Nesta entrevista à Lusa e outras agências europeias, o comissário europeu da Energia lamentou, porém, a retirada norte-americana do Acordo de Paris e lembrou o papel das energias renováveis e da colaboração internacional no combate às alterações climáticas.
A UE tem vindo a garantir estar pronta para eventuais tensões com os Estados Unidos, especialmente em relação a tarifas comerciais dados os recentes anúncios, mas no espaço comunitário paira a incerteza sobre a relação transatlântica.
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