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Bruxelas propõe adoção de carregador universal para todos os smartphones e tablets

A ideia de introdução de um carregador comum para reduzir a produção de resíduos eletrónicos já foi por diversas vezes defendida na UE, nomeadamente pelo Parlamento Europeu, mas tem merecido a oposição de empresas tecnológicas como a Apple, que têm os seus próprios equipamentos.
23 Setembro 2021, 13h43

A Comissão Europeia quer introduzir um carregador universal na União Europeia (UE), assente no tipo USB-C e apto para todos equipamentos eletrónicos, após doze anos de compromissos voluntários do sector tecnológico, que permitiram uma redução para três modelos. A proposta vai em linha com a estratégia do bloco europeu de combater os resíduos eletrónicos e aos inconvenientes para os consumidores provocados pela multiplicação de carregadores diferentes e incompatíveis para dispositivos eletrónicos.

“Já chega de frustrações para os consumidores europeus devido aos carregadores incompatíveis que se acumulam nas suas gavetas. Demos muito tempo ao sector para encontrar as suas próprias soluções, chegou o momento de tomar medidas legislativas para um carregador comum. É uma importante vitória para os nossos consumidores e o nosso ambiente, e está em consonância com as nossas ambições ecológicas e digitais”, argumentou Margrethe Vestager, vice-presidente executiva da Comissão Europeia.

Assim, a proposta visa um carregador universal para todos os telemóveis inteligentes, tablets, câmaras, auscultadores, altifalantes portáteis e consolas de videojogos portáteis. A proposta hoje apresentada terá agora de ser adotada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho através do processo legislativo ordinário. O sector terá assim muito tempo para se adaptar antes da entrada em vigor graças a um período de transição de 24 meses a contar da data de adoção.

Além disso, o executivo comunitário propõe ao abrigo da diretiva comunitária RED (Radio Equipment Directive), desagregar a venda de carregadores da venda de dispositivos eletrónicos. Esta medida melhorará a conveniência dos consumidores e reduzirá a pegada ambiental associada à produção e eliminação de carregadores, apoiando assim as transições ecológica e digital.

Apple entre as operadoras que contrariam proposta

A ideia de introdução de um carregador comum para reduzir a produção de resíduos eletrónicos já foi por diversas vezes defendida na UE, nomeadamente pelo Parlamento Europeu, mas tem merecido a oposição de empresas tecnológicas como a Apple, que têm os seus próprios equipamentos.

A possível da criação de um carregador universal está a ser falada desde 2009, quando existiam cerca de 30 modelos no mercado europeu e foi assinado um acordo voluntário entre as principais fabricantes de telemóveis na Europa para o harmonizar.

Isto permitiu reduzir o número de modelos e, atualmente, existem três principais tipos de carregadores no mercado europeu: USB 2.0 Micro B, USB-C e o sistema Lightning, utilizado exclusivamente por dispositivos Apple.

Porém, o acordo entre a indústria expirou em 2014 e, desde então, o Parlamento Europeu tem exortando a Comissão Europeia a adotar regras vinculativas para desenvolver um único carregador.

Em janeiro de 2020, a assembleia europeia adotou uma resolução a exigir um carregador universal na UE em prol dos direitos do consumidor e do ambiente, após vários anos a solicitar a criação de tal equipamento.

A proposta desta quinta-feira para uma revisão da lei terá agora de ser adotada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, havendo depois um período de transição de 24 meses a partir da data de adoção para permitir à indústria adaptar-se antes da entrada em vigor.

Dados de Bruxelas revelam que os consumidores europeus gastam perto de 2,4 mil milhões de euros por ano em carregadores e os que deixam de funcionar geram anualmente 11 mil toneladas de lixo marinho.

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