Sebastião Bugalho é mais que um candidato e representa mais que uma candidatura. É um estímulo, um incentivo que poderá libertar a irreverência da juventude.
A política demanda novos protagonistas menos “aparelhistas”. É verdade que os partidos precisam de quem os construa, alimente, desenvolva, mas, simultaneamente, precisa de estar em plena fluidez com a sociedade.
Uma sociedade democrática não deveria ter um vinco tão acentuado entre os políticos e os outros. Tudo é um todo. Os políticos podem deixar de o ser e os outros podem vir a ser políticos. Parece que é assim que funciona, mas não é. Quem não se faz adulto dentro ou próximo da vida partidária, dificilmente entra na política.
Talvez as coisas estejam a mudar. Talvez! Sebastião Bugalho pode-nos trazer isso. Uma mudança. Pode ser o embrião de uma cultura que misturará pacífica, e entusiasticamente, a sociedade e a política.
Pessoalmente, estou saturado de ouvir dizer aos “cidadãos não políticos” que, por isso mesmo, por não estarem na política, não percebem nada de política. E tudo isto se ouve sem se ripostar, praticamente assumindo que a política é algo com umas estratégias muito próprias, umas operações muito complexas e cujos protagonistas estão preparados desde cedo para estar nesse palco.
A política tem as suas particulares, mas, na essência, é composta por pessoas da sociedade que, num determinado momento, por convicção ou sentido de missão, servem o país e sempre o país. Por isso, a política é um caminho que se percorre para chegar a um destino – servir a nação e quem nela habita.
Sebastião, por favor, não faças da tua candidatura um passo de currículo, mas sim uma causa. Escolhe a causa, escolhe… mas que tenha a ver com novas ideias, novas pessoas, novos valores, novas virtudes, novos paradigmas e tudo sem medo de ser ou não ser aceite pelos outros. Quando existe convicção e boa-fé nas causas, as pessoas aderem. Pode não ser imediato, mas a virtude da causa vem sempre ao de cima, salva pela razão.
Por exemplo, a corrupção não se combate só com leis mas sim com valores. As infrações de trânsito não se reduzem com limites e mais limites, mas sim com consciência dos valores a praticar. Os distúrbios urbanos, igual. Os assédios e a violência doméstica, igual.
Os cidadãos precisam de desenvolver o gosto por fazer bem ao país e fazer do país um bem. Isso emerge dos valores de uma cultura inconformada, irreverente mas com sentido construtivo e de paz. Sim, paz através das palavras.
Inconformismo na ação, paz nas palavras.
Sebastião Bugalho, não és Rei, podes não ser um D. Sebastião, mas terás “o espírito sebastianista” que Portugal precisa, usando a força que só nesta tua fase de vida existe. Por isso, parabéns a Luís Montenegro por esta coragem. Apostar na sabedoria acima dos 50 anos em plena harmonia com o inconformismo dos 20/30 anos.
E há outros adultos jovens, obviamente, mas tu, Sebastião Bugalho, ganhaste voz. Tocou-te a ti, “General sem medo”, mostrar mais Portugal na Europa.