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“Business as usual”: Queda do Governo não vai adiar grandes negócios, dizem especialistas

A incerteza política, provocada pela queda do Governo, não vai travar os investimentos das empresas nacionais, que se distinguem pela sua resiliência e pelo facto de estarem “habituadas a viver com uma navegação curta e à vista”, dizem os especialistas na conferência Rota do Crescimento Leiria, organizada pelo JE.
19 Março 2025, 11h04

A queda do Governo, que vai levar os portugueses às urnas pela terceira vez em três anos, pode adiar algumas decisões de investimento, nomeadamente entre as empresas mais pequenas, mas não vai travar os grandes negócios. Os especialistas ouvidos esta quarta-feira na conferência Rota do Crescimento Leiria, organizada pelo Jornal Económico, realçam a resiliência do tecido empresarial português cujos negócios não ficam em standby nestes momentos de incerteza política.

“Em Portugal, habituamo-nos a viver com uma navegação curta e à vista”, afirmou Francisco Patrício, sócio da Abreu Advogados. “Tudo acontece sempre um pouco fora das expectativas e isto [a queda do Governo] é mais uma surpresa”, acrescentou, notando, contudo, que esta mudança “não vai ter impacto nos grandes negócios porque estão decididos e vão acontecer. Estou a lembrar-me da venda da TAP e do Novobanco ou da mudança do aeroporto para Alcochete”. Os grandes negócios “vão ter de acontecer, com mais ou menos atraso”.

Entre as empresas mais pequenas, “nestes meses de pausa até maio, há decisões que vão ser tomadas mais tarde”, continuou, mas sem nunca travar os investimentos, nomeadamente aqueles que dependem de fundos europeus. “Aquilo que é um dos motores [destes investimentos] são as linhas do PT2030 que foram lançadas há dois anos” e “cujo calendário de candidaturas é conhecido”, disse Bernardo Maciel, CEO da Yunit, no mesmo painel.

“Olhando para as empresas e para a economia real e depois de ter estado no norte do país a fazer uma ronda por empresas fortemente exportadoras, acho que as empresas portuguesas não se compadecem de forma geral, não estão à espera da decisão política e do próximo governo”, realçou, por outro lado, Rui Garcia, Trade Finance Product Manager do Crédito Agrícola, notando que estas sociedades “todos os dias têm de pagar ordenados, prestar serviços, têm contratos” para cumprir, “não estão paradas”.

Estas mudanças políticas “terão sempre algum tipo de influência”, mas os empresários “são muito diligentes, muito ágeis e não estão à espera. Business as usual”, reforçou. Uma resiliência que também foi destacada por Orlando Varalonga, responsável da Unidade SABSEG de Leiria, afirmando que o “nosso tecido empresarial está cada vez mais resiliente e preparado para enfrentar desafios do futuro”.

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