[weglot_switcher]

Cabo Verde vai abrir concurso internacional para concessionar plataforma de pescado

“Foram canceladas todas as negociações. Vamos avançar com um concurso internacional. Vários operadores manifestaram interesse. Temos de garantir igualdade de oportunidade e transparência nos processos”, afirmou o presidente do conselho da administração da Enapor, Ireneu Camacho.
12 Junho 2025, 10h39

A empresa pública dos portos de Cabo Verde (Enapor) vai lançar um concurso internacional para a concessão da plataforma de frio para pescado, no Mindelo, ilha de São Vicente, encerrada há um ano, disse hoje a administração à Lusa.

“Foram canceladas todas as negociações. Vamos avançar com um concurso internacional. Vários operadores manifestaram interesse. Temos de garantir igualdade de oportunidade e transparência nos processos”, afirmou o presidente do conselho da administração da Enapor, Ireneu Camacho.

O Governo estava em negociações com um consórcio formado pelas empresas espanholas Ubago – proprietária da conserveira Frescomar, já presente em São Vicente –, Jealsa, marca europeia de conservas, e supermercados Mercadona, para tomar conta da unidade.

A plataforma era gerida pela Atunlo que suspendeu as atividades há um ano, deixando 210 trabalhadores em ‘lay-off’ (modalidade que permite a suspensão dos contratos de trabalho) por quatro meses, recebendo metade do salário, devido a um processo de falência voluntária em Espanha.

A Enapor reativou a plataforma e está a preparar um plano de investimento, bem como a definir os critérios para o lançamento público do concurso.

Segundo a administração, já há interesse de consórcios de Espanha, Portugal, Colômbia, Marrocos, entre outros países.

A empresa pretende, até final de julho, avançar com dois processos: a reativação da “nave dois” – destinada ao congelamento de pescado das empresas locais – e o reforço do transbordo, envolvendo o congelamento para exportação.

“Já reabilitámos algumas naves e, até ao final do mês, estaremos a concluir reparações normais, típicas em qualquer unidade industrial. Em breve, poderemos partilhar mais detalhes sobre esta fase de requalificação, limpeza e manutenção dos ativos”, explicou.

Com a reativação da plataforma, a Enapor espera um “impacto muito positivo” na retoma do transbordo e congelamento de pescado, bem como na criação de postos de trabalho.

Dos 210 trabalhadores que estiveram em regime de ‘lay-off’, 45 já regressaram para funções de manutenção de equipamentos, limpeza da fábrica e apoio administrativo.

A Enapor regularizou salários, direitos sociais dos trabalhadores e está a formar os colaboradores para que, até final do mês, possam regressar às atividades.

Ireneu Camacho referiu ainda que a situação financeira da Enapor está a evoluir positivamente, mesmo após regularizar os salários dos trabalhadores.

“Estamos a crescer cerca de 16% face ao ano anterior. A Enapor está a gerar resultados e estes são indicadores claros da nossa estabilidade”, sustentou.

A empresa acionou a justiça, em Portugal, em janeiro, para tentar recuperar 650 mil euros de rendas em dívida pela Atunlo, através de um seguro-caução, e o processo está ainda a decorrer.

A unidade de frio e processamento de pescado do Mindelo foi inaugurada em 2015, com 51% do capital pertencente à Atunlo, 33% à Frescomar (Ubago) e 16% à Frigrove – todas empresas espanholas.

A Atunlo pretendia tornar-se uma referência na Europa e no norte de África na transformação de atum, destinado sobretudo às conserveiras.

O peixe enlatado e congelado representa mais de dois terços das exportações de mercadorias de Cabo Verde, dirigidos à União Europeia (UE), sendo Espanha o principal comprador.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.