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Caixa já usou 8% da sua “fatia” da garantia pública no crédito para a casa

O banco estatal recebeu cerca de 800 pedidos de utilização da garantia pública no crédito à habitação, o que corresponde a perto de 141 milhões de crédito solicitado e significa que a Caixa tem até 20 milhões já comprometidos da verba que lhe foi atribuída no âmbito desta medida. 
Cristina Bernardo
15 Janeiro 2025, 07h00

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) já usou 8% da verba que tem disponível no âmbito da garantia pública no crédito à habitação que garante o financiamento total, aos mais jovens, na compra da primeira casa. Uma medida que entrou em vigor em setembro, mas que apenas ficou operacional nos bancos a partir do final do ano passado. 

“A Caixa recebeu 800 pedidos de utilização da garantia pública”, afirmou José João Guilherme, administrador executivo da CGD, na comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, numa audição realizada esta terça-feira a pedido do PCP e do PS sobre a redução dos serviços bancários do banco estatal. Esta garantia pública aplica-se a contratos assinados até ao final de 2026 e pode cobrir até 15% do valor.

Fonte oficial do banco esclareceu posteriormente que este número de pedidos corresponde a cerca de 141 milhões de crédito solicitado, o que significa que a instituição financeira liderada por Paulo Macedo tem até 20 milhões já comprometidos da garantia pública, quando os processos estiverem aprovados, de uma “fatia” de 257 milhões de euros atribuída pelo Estado. 

Para esta medida, que permite que os jovens entre os 18 e os 35 anos tenham acesso a financiamento a 100% na compra da sua primeira casa própria permanente, o Governo reservou uma verba de mil milhões que pode aumentar para 1.200 milhões. Ficou, porém, aberta a porta a um reforço adicional caso a procura assim o justifique.

A cada banco foi atribuído um valor, ora em função da quota no mercado de crédito à habitação para os clientes mais jovens ou consoante os valores solicitados pelas instituições financeiras. O Santander lidera com 259 milhões de euros. 

Caixa garante não fechar balcões

Os dados foram divulgados numa audição em que o banco garantiu também manter a proximidade à população, num período marcado pela aposta na digitalização. Paulo Macedo, presidente executivo da CGD, afastou as críticas da comissão de trabalhadores que apontam para uma “redução drástica” do número de agências e de trabalhadores. 

“Vamos manter o número de agências pelo menos em 2025 e em 2026”, afirmou o banqueiro no Parlamento, notando que “todas as agências têm pessoas permanentes e a apoiar os cidadãos, designadamente aqueles com menos conhecimentos de manuseamento de cartões e de tecnologia”.

“A Caixa está presente em 99,6% dos concelhos”, disse ainda, frisando que o banco que se segue nesta lista está em 57% dos municípios. “Se o serviço não fosse bom, competitivo e espalhado pelo país”, o banco não teria concedido “cinco mil milhões de euros em crédito à habitação em 2024”, referiu, acrescentando que “somos o maior financiador de casas no interior do país”.

“A rede de agências sofreu uma redução significativa alterando a presença da CGD no território nacional, diminuindo drasticamente a sua capilaridade e implantação, com prejuízos sérios para as populações, desprovida de preocupação em cumprir um efetivo serviço público bancário a todos os clientes”, afirmou a comissão de trabalhadores da CGD numa nota partilhada em outubro do ano passado.

A mesma entidade referiu ainda que “esta redução drástica e contínua muda de paradigma em 2024 por via de processos de transformação de agências, sem todas as capacidades operacionais”, as chamadas “noma smart”, que têm um “quadro de um a três trabalhadores”. À data, fonte oficial esclareceu ao Jornal Económico que a “percentagem de agências da Caixa com um trabalhador é de 1,9% do total das agências” do banco. 

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