Portugal está na moda para os bancos e sociedades financeiras que fazem gestão de patrimónios de elevado rendimento e o dono do BPI não vai desperdiçar a oportunidade. O CaixaBank prepara-se assim para abrir no país uma sucursal da sua empresa de gestão de fortunas.
Chama-se OpenWealth é uma empresa de gestão de fortunas destinada a detentores de elevado património líquido (mais de 50 milhões de euros) e family offices em Espanha e tem mais de 7,3 mil milhões de euros em ativos sob gestão.
A sociedade, que conta com escritórios em Madrid, Barcelona, Valência, Bilbao e Málaga, abrirá brevemente um centro em Lisboa (Portugal), promovendo assim uma maior internacionalização dos seus serviços e da sua carteira de clientes, revelou o banco em Espanha.
Questionado pelo Jornal Económico, o CaixaBank disse que a abertura “será nos próximos meses, mas ainda sem data específica”.
A esta decisão não é alheio o facto de Portugal se encontrar no Top 10 dos destinos favoritos para os milionários estrangeiros residirem. Segundo as estimativas da consultora Henley & Partners o país deverá terminar o ano com mais 800 milionários estrangeiros. A atração do país advém do seu imposto de rendimento zero, dos vistos gold, do estilo de vida luxuoso e da sua localização estratégica.
O segundo lugar é ocupado pelos Estados Unidos, seguindo-se Singapura, Canadá, Austrália, Itália, Suíça, Grécia, Portugal e o Japão fecha o top 10.
Só este ano, o Indosuez Wealth Management do Credit Agricole e a Union Bancaire Privée, com sede na Suíça, abriram escritórios em Lisboa. O Julius Baer Group, sediado em Zurique, também planeia expandir-se para Lisboa no próximo ano.
Embora seja bem sabido que a gestão de patrimónios é um negócio em crescimento para muitos grandes bancos em todo o mundo, a decisão de pelo menos três bancos europeus abrirem escritórios em Lisboa no espaço de um ou dois anos aponta para a importância dos influxos para a economia de 286 mil milhões de dólares e para o apelo do país para os imigrantes ricos.
A Bloomberg cita a Henley & Partners, uma empresa de consultoria em imigração, que estima que mais de 800 particulares de elevado rendimento líquido com uma riqueza disponível igual ou superior a um milhão de dólares mudaram-se para Portugal em 2023, o que faz do país um dos 10 principais destinos para os milionários emigrantes.
A legislação em Portugal continua a ser altamente atraente a nível global para famílias empresariais e investidores oriundos de países como o Brasil, o Reino Unido e os EUA, referiu ao Jornal Económico, Miguel Durham Agrellos, Managing Partner da Durham Agrellos Advogados, que fez um ponto de situação da legislação dos Residentes Não Habituais (2.0).
“O programa RNH versão 2.0 é especialmente interessante para famílias empresariais globais e profissionais qualificados, oferecendo melhorias significativas face ao regime anterior. Isso posicionou Portugal como um dos maiores players mundiais no mercado de private wealth, criando um ecossistema económico e jurídico extraordinário para famílias empresariais globais”, defende o advogado.
Com a abertura em Portugal o OpenWealth espera superar não só as suas estimativas iniciais de negócio, mas também as previsões melhoradas feitas em outubro passado, quando anunciou o objetivo de alcançar 10 mil milhões de euros em ativos sob gestão e 50 clientes até 2025, consolidando uma proposta de valor única no mercado.
A filial do CaixaBank dedicada à prestação de serviços independentes de aconselhamento patrimonial a grandes clientes, ultrapassou os 7,3 mil milhões de euros de ativos sob gestão no final de abril de 2024, tornando-se assim não só a maior empresa de aconselhamento patrimonial para clientes de Ultra High Net Worth, mas também o maior serviço de multi-family office em Espanha.
Assim, em apenas dois anos de atividade, a aposta da OpenWealth, assente numa elevada especialização e diversificação, consolidou a sua posição de líder do sector no país.
O CaixaBank foi o primeiro banco na Europa a lançar este serviço, 100% independente e com cobrança explícita, que é oferecido a pessoas com património superior a 50 milhões de euros, independentemente de serem ou não clientes do banco ou de terem o seu património depositado, que pode estar em diferentes instituições.
Nos últimos meses, a OpenWealth aumentou o número de clientes para uma carteira de 45 clientes e, consequentemente, também a equipa de profissionais, agora composta por 17 consultores em comparação com os cinco iniciais, com o objetivo de continuar a garantir a qualidade e a personalização do serviço em todos os momentos.
Sol Moreno de los Ríos, CEO da OpenWealth, destaca num comunicado enviado em Espanha “o crescimento da OpenWealth nos seus dois anos de atividade é um sinal da grande aceitação da nossa proposta de valor, disruptiva e única em Espanha, baseada na adaptação às necessidades dos nossos clientes e na máxima personalização, diversificação e especialização”.
“Combinamos o melhor dos dois mundos: as vantagens de ser uma boutique independente e flexível e as de pertencer ao principal grupo financeiro da península, o que nos permite oferecer soluções inovadoras e exclusivas”, acrescenta.
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