Se alguém tinha dúvidas sobre qual é a atual corrida em que nos encontramos, este início de ano na Casa Branca deveria tê-las dissipado por completo. Primeiro, Joe Biden restringiu o acesso de outros estados a tecnologia de ponta para microchips destinados ao desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA), incluindo a aliados, mesmo europeus.

A seguir, Donald Trump anunciou um plano para investir até 500 mil milhões de dólares (cerca de 480 mil milhões de euros) em infraestruturas para o desenvolvimento destas tecnologias, nos próximos quatro anos. Com um grande contributo privado, ainda que Elon Musk diga que as companhias não têm o músculo financeiro necessário para este empreendimento.

Na Europa, a ambição neste domínio traduz-se numa fração da mostrada pelos norte-americanos: pretendemos investir 20 mil milhões de euros por ano, em média, até ao final da década no desenvolvimento de IA, incluindo nas infraestruturas. Para sonho de liderança é curto. Será maior se aqui adicionarmos o dinheiro que estamos a atirar para a transição energética, sabendo-se que estas novas tecnologias são consumidoras ávidas de energia. Mas, do outro lado do Atlântico, declarou-se uma emergência energética com o objetivo de ter fornecimento mais abundante e mais barato.

Numa coisa a Europa lidera, na regulação. Estamos “na vanguarda da criação de uma IA mais segura e fiável, enfrentando os riscos do seu uso indevido”, dizia Ursula von der Leyen no seu programa para o segundo mandato a presidir à Comissão Europeia. Ou seja, seremos campeões na regulação de empresas e tecnologias norte-americanas e chinesas. Apenas polícias do sucesso dos outros. É poucochinho.