Isabel Schnabel integra o Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE) desde 2020, destacando-se como uma das figuras mais influentes e uma das vozes mais firmes na defesa de taxas de juro mais elevadas para combater a inflação.
No entanto, esta semana, Schnabel capitulou e reconheceu que o BCE não precisa de subir mais os juros devido aos “progressos notáveis” na inflação. Há meses que qualquer economista mediano teria previsto a acentuada queda da inflação a partir do verão, com as taxas reais a tornarem-se positivas no outono.
A atuação de Schnabel e de outros membros mais inclinados para políticas monetárias restritivas ao longo dos últimos seis meses é dececionante porque evidencia uma função de reação muito desfasada por parte do BCE, prejudicando a economia, especialmente os devedores da zona euro.
Os principais beneficiados foram os bancos, que viram as suas margens disparar e, em certa medida, o próprio BCE, que capitalizou o setor bancário à custa dos devedores e criou a ilusão de um desempenho notável na gestão da inflação.
Desde o início do ciclo inflacionista e, sobretudo, depois da pandemia, o BCE demonstrou não compreender adequadamente os acontecimentos. A sua atuação foi tardia e excessiva. As subidas de taxas em julho e em setembro, pelo menos, eram desnecessárias e o discurso do BCE apenas contribuiu para ancorar as expectativas de inflação em alta.
Quanto ao futuro, é otimista acreditar que um banco central que tem cometido erros passará a tomar decisões acertadas. O mercado antecipa cortes de 150 pontos base no próximo ano. Estará certo? Faremos o lançamento de 2024, aqui, daqui a poucas semanas.