O governador do Banco de Portugal pediu em novembro último para não participar em decisões sobre a auditoria à CGD, instituição bancária da qual foi administrador entre 2004 e 2006. Havendo suspeitas de que Carlos Costa tenha participado à época na aprovação de créditos ruinosos a Joe Berardo e Manuel Fino, para além de ter estado presente em reuniões que resultaram na aprovação de empréstimos de risco, geradores de perdas, é incompreensível que em face desta escusa, não esteja em cima da mesa a sua exoneração.

O Banco de Portugal é uma instituição que não pode nem deve sofrer qualquer tipo de condicionamentos e muito menos ver o seu governador envolvido em situações desta natureza, com notória perda de liberdade decisória. Carlos Costa está no fim da linha e deveria sair pelo próprio pé.

A avaliação global do seu desempenho tem nota negativa, desde logo quando aceitou sem reservas a resolução do BES, custando tal facto mais de dez mil milhões de euros aos portugueses, quando no processo de liquidação do BANIF anuiu que fossem beneficiados o Fundo de Resolução e o Novo Banco em detrimento dos pequenos credores, e quando mudou emissões obrigacionistas do Novo Banco para o BES, o que provocou uma vertiginosa subida dos juros.

Independentemente de se ter que aguardar pelos resultados da comissão parlamentar de inquérito para apurar responsabilidades na gestão ruinosa da CGD, a verdade é que ninguém pode garantir a idoneidade de Carlos Costa para continuar em funções enquanto todo este processo não estiver completamente esclarecido. Longe vão os tempos em que o sentido de dever e a dignidade falavam mais alto.

Para quem exerce um cargo desta natureza há que saber sair na altura certa e Carlos Costa está a tempo de o fazer. Ainda que não se apurem responsabilidades da sua parte em todo este processo, a credibilidade da instituição que representa não pode sair maculada, mas não parece ser esta a prioridade do momento para ele.