[weglot_switcher]

Carlos Costa defende transferências da União Europeia ao invés de novos empréstimos

Para o governador do Banco de Portugal o caminho não deve ser “emitir dívida no plano comunitário para emprestar aos Estados-membros”, mas sim “cortar o pico da dívida e para tal é preciso transferências”, que deverão ser, essas sim, baseadas em “empréstimos feito pela União através da Comissão e reembolsável ao longo de um período longo”.
  • Cristina Bernardo
18 Maio 2020, 13h34

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, sustentou que para os países soberanos é importante limitar o impacto da crise no total da dívida, pelo que apenas seria “interessante um modelo de transferências” no âmbito do plano de recuperação europeia.

“Solidariedade não é assegurar novos empréstimos. O que interessa aqui é limitar o impacto no total da dívida”, disse esta segunda-feira no Webinar “Economia Portugal: que políticas e medidas para a recuperação da economia?”, organizado pela Abreu Advogados, defendendo que se deve “assumir parte do incremento da dívida como parte comum”.

Para Carlos Costa o caminho não deve ser “emitir dívida no plano comunitário para emprestar aos Estados-membros”, mas sim “cortar o pico da dívida e para tal é preciso transferências”, que deverão ser, essas sim, baseadas no “empréstimo feito pela União através da Comissão e reembolsável ao longo de um período longo”. Ou seja, deu como exemplo que fosse 10%do PIB da União Europeia, amortizá-lo ao longo de 50 anos e através do orçamento comunitário.

“Para os soberanos só é interessante um modelo de transferências”, frisou. Ainda assim, sublinhou que “a condicionante da ação política não deve vir do plano europeu. Temos que fazer o que temos que fazer, realçando aos outros que aquilo que estamos a fazer é do interesse de todos e se não são solidários estão a revelar uma miopia que os coloca numa trajetória difícil do ponto de vista sócio-político perante os eleitorados nacionais”.

Relativamente ao caso português, Carlos Costa sustentou que “temos que ter um projeto de sustentabilidade da dívida a médio prazo, convincente, que mostra que o pico excepcional de endividamento que há-de aparecer em 2020-22 é um pico que vai ser absorvido ao longo do tempo através de poupança que vai gerada para absorver esse pico, numa lógica de solidariedade inter-geracional”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.