Exmos. Senhores,

Esta não é a primeira carta ou e-mail que vos envio. Também não é a primeira reclamação que faço e da qual vos dou conhecimento. É só mais um dos vários milhares de desabafos dos muitos milhões de utentes que o Metropolitano de Lisboa transporta anualmente.

Foi anunciado, no inicio do mês, o plano de desenvolvimento operacional da rede do Metropolitano de Lisboa. Plano este que contempla, aparentemente, o prolongamento da linha amarela, à qual serão acrescentadas duas novas estações, uma na Estrela e outra em Santos. Ora, confesso que não foi sem surpresa que recebi esta notícia. Uma notícia que, apesar das suas várias versões, me causou, para além de surpresa, indignação. E porquê indignação? Perguntar-me-iam os senhores, no caso de se interessarem pela opinião de quem, efectivamente, utiliza o serviço de transporte do Metropolitano.

Em primeiro lugar, porque não têm em devida consideração a opinião dos utentes. Facto que é por demais evidente, não fosse a circunstância da opção de prolongamento ser tomada e anunciada enquanto estava a decorrer um inquérito sobre a qualidade do serviço do Metropolitano de Lisboa. Inquérito este que, diria eu, deveria servir para constatar os problemas – diversos e evidentes – que existem e, consoante estes, definir as prioridades de intervenção.

Em segundo lugar, porque este prolongamento – ainda que correspondendo ou podendo corresponder a uma necessidade – não é, de todo, uma prioridade. E não pode ser uma prioridade porque, actualmente, o Metropolitano de Lisboa presta aos seus utentes um mau serviço público: um serviço com instalações degradadas que não estão adaptadas para pessoas com mobilidade reduzida; um serviço sem uma frequência de transporte adequada às necessidades dos utentes; um serviço com graves problemas de segurança e de controlo. Corrigir estes problemas deveria ser a prioridade por uma razão elementar: a dignidade de quem o utiliza.

Ao político exige-se que governe para as pessoas, que conheça as suas necessidades e que actue consoante as suas prioridades. É simples e, convenhamos, é a única forma de credibilizar a sua actividade. Exige-se, pois, muito pouco, nomeadamente: que existam elevadores e escadas rolantes que funcionem em todas as estações, para que qualquer pessoa possa circular sem barreiras físicas; que os tempos de espera sejam mais reduzidos, de forma a evitar esperas intermináveis e carruagens abarrotadas; e que haja mais segurança para os utilizadores e um controlo – de olhos abertos – que garanta que todos pagam pelo serviço que utilizam. Não se exige, por ora, mais do que isto, nem mais duas, nem mais 20 estações.

Sem outro assunto de momento, ainda que na certeza de que muito mais haveria para dizer,

Subscrevo-me com a mais elevada estima e consideração.

 

O autor escreve segundo a antiga ortografia.