Exma. Senhora Presidente do CDS-PP,

 

Os tempos impõem ao CDS pragmatismo e desaconselham pudores ideológicos que impeçam diálogos construtivos com o PS, porque o que está em causa é a ameaça iminente dos superiores interesses da nação pelas esquerdas radicais.

Em primeiro lugar, o CDS não deve enfileirar, cegamente e por oportunismo tático, com a linha negativa de ação do PSD, omisso em alternativas e que teima em insistir nas lições do passado e nas críticas destrutivas ao atual Governo, mas posicionar-se, de uma vez por todas, pela positiva e apresentar uma alternativa mobilizadora que projete o futuro e dê esperança aos portugueses. O CDS não pode continuar a alimentar a ideia, como tem feito, de que é apenas uma força de “apoio” conformada em viabilizar soluções governativas de emergência. Aliás, o próprio PSD clama constantemente por uma maioria absoluta nas urnas e, no caso de a obter, o CDS seria sempre uma carta fora do baralho.

Em segundo lugar, o CDS tem de perceber que os principais inimigos da nação são as esquerdas radicais que viabilizaram o atual Governo. Por isso, o seu combate é, sobretudo, com o BE, cada vez mais posicionado, com o PCP e com o seu braço armado, a CGTP. Não é só o CDS que tem de perceber isto, o próprio PS já devia ter percebido que pôs dentro de portas os “inimigos íntimos”, apostados em pilhar o seu eleitorado e em traí-lo quando lhes for mais conveniente.

Ora o CDS tem aqui uma oportunidade única para demonstrar à nação que pode ajudar a credibilizar, num cenário eleitoral, uma solução governativa com o próprio PS, e sempre num quadro de salvação nacional.

Como? Tendo a coragem de não fechar a porta a conversações com o PS e gizando, desde já, se houver abertura para tal, os termos de um pacto de regime que afaste definitivamente as extremas-esquerdas do palco de poder.

É, por isso, urgente que o CDS reconsidere a sua linha de ação e comece já a combater uma solução cada vez menos inverosímil, em futuras eleições, que dê expressão efetiva ao BE através de um governo de coligação com o PS. O CDS não deve ser o partido responsável pelo PS ficar sem poder de escolha no arco da governação.

Os casos atuais de grande sucesso na Alemanha, Áustria e República Checa e, até há pouco tempo, na Irlanda, em que socialistas e democratas-cristãos aliam forças e são governo, tornaram-se referências na Europa que terão inspirado o próprio líder dos socialistas no Parlamento Europeu, Gianni Pittella, a defender esta solução para Portugal.

Propor ao PS um quadro que garanta a estabilidade e o compromisso social é dever do CDS quer num contexto de eleições antecipadas, quer de fim de legislatura.

Com as seguintes vantagens:

– Liberta a nação de uma solução contranatura na qual grande parte do país não se revê. Aliás, parte substancial do eleitorado do PS não sabia dos acordos de regime que se vieram a formar nem concorda com eles;

– Permite à nação ter estabilidade, criar confiança nos investidores e respirar com uma solução fiável e credível;

– Abre caminho ao PS para, sem derrota, mudar a agulha para uma solução de Grande Coligação ao Centro e não perder definitivamente a confiança do seu eleitorado.

E, antes de mais, cabe ao CDS evitar a todo o custo que um segundo resgate nos tolde o horizonte.

Está, por isso, na hora de o CDS apresentar uma alternativa em que, sobretudo, se cumpra Portugal.