A situação deve preocupar-nos na frente económica, pois 25% das nossas exportações vão para Espanha e o efeito negativo para essas exportações do arrefecimento económico espanhol é maior do que o efeito positivo do desvio de fluxos turísticos da Catalunha para Portugal.
Os governos regionais da Catalunha aproveitaram a autonomia no âmbito do Estado Espanhol para montarem polícia própria e um sistema educativo em que não se aprende o castelhano, mas sim o catalão, doutrinando os jovens para a independência. No fundo, fizeram nas escolas o que os fundamentalistas islâmicos fazem nas mesquitas…
Como li num jornal espanhol, o ex-lider do governo catalão tem uma visão mística da independência e é no fundo um autêntico Kerensky nas mãos duma frente esquerdista, radical e anarquista, que, como disse alguém, sonha fazer da Catalunha uma Venezuela da zona euro… Percebi claramente isso quando nas manifestações contra os atentados nas Ramblas, em que estiveram o Rei e Rajoy, as palavras de ordem não eram contra o terrorismo islâmico, mas sim contra o Estado espanhol e as potências capitalistas…
Essa frente também protesta por a Catalunha financiar regiões mais pobres de Espanha. Se fossem os alemães a contestarem o apoio ao sul da Europa o que diria uma certa esquerda…
Puigdemont, manobrado por essa frente, convocou um referendo ilegal face à Constituição Espanhola, que não teve as mínimas garantias de seriedade transparência, e declarou unilateralmente a independência suportado numa maioria parlamentar. Rajoy errou ao enviar a polícia espanhola para tentar evitar esse referendo. Tais métodos só são permitidos em regimes como o venezuelano…
É evidente que essa declaração de independência não foi reconhecida pela UE. Apenas países como a Venezuela, um farol da liberdade, do Estado de Direito e de democracia, apoiaram…
Aqueles cronistas de esquerda que em Lisboa apoiavam sempre o veto do Tribunal Constitucional às decisões dum governo maioritário CDS-PSD suportam agora as decisões do ex- Executivo Catalão ilegítimas face à ordem constitucional como o Supremo Tribunal Espanhol referiu…
Qualquer governo minimamente decente em Madrid teria que repor a legalidade e convocar novas eleições na Catalunha. E é surpreendente que os jornais portugueses anunciem a maioria da frente independentista, esquecendo que o partido mais votado foi o Ciudadanos, que defende a manutenção da Catalunha no Estado Espanhol, e que a maioria dos votos expressos nas urnas não é pela independência e, portanto, se fosse um referendo os independentistas teriam perdido…
Entretanto, em Bruxelas, Puidgemont reclama pelo respeito dos resultados das eleições, esquecendo que tal não lhe dá nem legitimidade política nem constitucional para declarar a independência. Apenas, se se entenderem, Puidgemont e aliados terão legitimidade, apoiados por uma maioria meramente parlamentar, para governarem a Catalunha.