A Catalunha é a região mais rica de Espanha, com 19% da riqueza gerada, sendo responsável por 25% das exportações e apresentando uma elevada capacidade de atração de investimento, com um terço das multinacionais estrangeiras a operar em Espanha, como é o caso da Volkswagen e da Nissan, a escolherem a região de Barcelona como sede das suas unidades industriais.

No entanto este cenário até agora idílico poderá vir a ser dramaticamente alterado caso a decisão independentista venha a ser concretizada.

De acordo com estudos credíveis, uma desanexação da Catalunha face a Espanha, acompanhada de uma provável saída voluntária da União Europeia, poderia conduzir a uma queda entre 25% a 30% do PIB da região devido à deslocalização em massa de um conjunto de empresas, implicar um aumento do desemprego, a introdução de pautas aduaneiras e um aumento exponencial dos custos de financiamento do município catalão, seguindo os “downgrades” efetuados em 2016 por parte da Moody´s e Standard & Poor´s.

É verdade que a região apresenta um saldo líquido credor face ao orçamento espanhol, mas este é perfeitamente enquadrável numa ótica de solidariedade entre regiões, à semelhança do que acontece em Portugal, entre, por exemplo, Lisboa e o Alentejo.

Desta forma, é relativamente consensual que um Catalexit iria mergulhar a economia local num longo período de incerteza, e que no final do dia, somando os ganhos e descontando as perdas, a Catalunha, e Espanha, poderiam ficar definitivamente mais pobres.

Se a nível económico as consequências, com maior ou menor amplitude, são pacíficas, a nível político o que é verdadeiramente paradoxal é que ambas as partes esgrimem argumentos válidos como pilares das suas pretensões. Se o governo central de Madrid sustenta as suas decisões na Constituição, alicerçada numa Espanha comum, solidária e indivisível, os movimentos autonómicos, reivindicam um conjunto de traços identitários, como a língua e a cultura catalã.

Até agora as duas partes têm adotado uma estratégia de radicalização e intransigência, na qual as emoções se sobrepõem à racionalidade e onde não existem nacionalismos inteiramente pacíficos, nem na Catalunha, nem em Madrid. Julgo que esteja escrito nas estrelas que a solução virá, não da imposição, mas de um pacto.

Todos terão de ceder, tendo por base a confiança mútua e dentro do espírito da lei, ainda que as conversas sejam mais longas mas também mais frutíferas para a Catalunha, que estará em posição de pedir tudo a Madrid, menos a independência.