A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou esta segunda-feira que o que aconteceu no lar de Reguengos de Monsaraz é exemplo da “absoluta desumanização das pessoas que habitam nos lares”. A líder bloquista defende que o Estado não deve limitar-se à contratualização com privados nos cuidados prestados em lares e centros de dia e exige ao Governo mais testes à Covid-19 nestas instituições.
Numa mensagem publicada no Facebook, Catarina Martins começa por lembrar que no Lar de Reguengos de Monsaraz morreram 18 pessoas vítimas de Covid-19 e no Lar do Comércio, em Matosinhos, morreram mais de 20 pessoas, e que quem trabalha ou trabalhou nestes lares “faz relatos de horror destes dias; falta absoluta de condições, abandono dos utentes, chantagem sobre os trabalhadores”.
“A terrível tragédia destes casos é a absoluta desumanização das pessoas que habitam nos lares. E é essa desumanização que deve convocar a toda a nossa indignação. Dos casos com contornos criminosos, como estes dois, a todos os outros onde o esquecimento também mata. Quase 40% das mortes por Covid em Portugal foram em lares. Não tinha de ser assim. Não tem de ser assim. Não pode repetir-se”, sublinha a líder do BE.
Para Catarina Martins, o aparecimento de surtos de Covid-19 em lares e centros de dia está diretamente relacionado com a resposta dada às pessoas mais velhas em Portugal, que passa, segundo a coordenadora bloquista, na maior parte das vezes, pela “institucionalização em lares entregues ao setor social, pouco fiscalizados, quase sempre com trabalhadores a menos, com pouca formação e mal pagos”.
Catarina Martins refere que o BE sempre defendeu que “há responsabilidade pública no cuidado ao longo da vida e que não tem sentido o Estado limitar-se à contratualização com privados” e reitera que “deve existir sempre rede pública, para uma resposta universal e de qualidade” e que “os privados, que, só na área da velhice, recebem 600 milhões de euros por ano do Estado, devem ser fiscalizados”.
“Em 2016 apresentámos um projeto no parlamento para, entre outras medidas, impor uma fiscalização articulada da segurança social e da saúde aos lares de idosos; exatamente o que agora se prova tão essencial. Infelizmente pouco foi feito e quase nada mudou. A pandemia expôs a crueldade de sempre”, conclui.
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