A Cellnex entra no mercado de telecomunicações português depois de chegar a acordo com a Altice Europe para a aquisição de 100% da empresa operadora de infraestruturas de telecomunicações OMTEL por 800 milhões de euros, foi esta quinta-feira anunciado. Portugal passa a ser o oitavo país da Europa onde a empresa catalã opera.
Fruto da operação, a empresa espanhola vai pagar 200 milhões de euros à Altice Europe pela participação de 25% da Altice Portugal na OMTEL. A OMTEL é a empresa que a Altice vendeu, em setembro de 2018, ao consórcio Belmont Infra Holding’s (inclui a Horizon Equity Partners de Pires de Lima e Sérgio Monteiro e o o fundo de infraestruturas da Morgan Stanley, o mesmo que adquiriu parte do negócio da fibra ótica da Altice em Portugal) por 660 milhões de euros. À época, a dona da Meo reinvestiu 108,8 milhões de euros para garantir 25% do controlo das três mil torres de telecomunicações
A Cellnex chegou agora a acordo com a Altice e com o consórcio Belmont Infra Holding’s, com o acordo a contemplar a instalação de 400 novas infraestruturas em Portugal nos próximos quatro anos. Com a implementação da quinta geração móvel (5G) no país, o plano de construção de novas torres pode vir a ser reforçado com a contrução de outras 350 infraestruturas até 2027. Ou seja, a Cellenex pagou 800 milhões por três mil torres garantindo a possibilidade de instalar mais 750 em menos de uma década.
“O investimento estimado para o plano do construção [contratado e previsto] é de 140 milhões de euros”, de acordo com o comunicado da Cellnex.
Atualmente, a OMTEL detém contratos com uma duração média de vinte anos com períodos adicionais de cinco anos, sendo a antiga Portugal Telecom o principal cliente. Por isso, a empresa espanhola terá na Altice um parceiro estratégico a longo prazo em Portugal.
Com o 5G a despontar na União Europeia, esta operação é mais um movimento da Cellnex para reforçar as suas operações e influência no mercado telco. No caso do mercado português, a Cellnex ambiciona ser o “operador neutro e independente” que a densificação e desenvolvimento eficiente da rede 5G exige, tendo o objetivo de apresentar “soluções atrativas para os operadores de rede móvel, tanto na perspetiva de custos como na rapidez de execução”.
Reforço da operação e portefólio
A concretização desta operação, eleva as vendas futuras contratadas da Cellnex em 2,5 mil milhões de euros, para um total de 38,5 mil milhões. A empresa oriunda da Catalunha e que conta com a família italiana Bennetton entre os seus acionistas, ao comprar a OMTEL passa a operar um total de 58 mil torres de telecomunicações na Europa.
Esta operação é a primeira do género em 2020 para a Cellnex, sendo que esta empresa tem mais operações em vista. Isto porque a Cellnex tem previsto o investimento total de cerca de 12 mil milhões de euros na compra ou construção de torres de telecomunicações até 2027. O ano de 2019 é exemplar, quando a empresa espanhola conseguiu adquirir vários ativos e empresas tendo em vista o reforço do seu portefólio e da sua operação na Europa.
A última operação fora anunciada em dezembro, quando a Cellnex comprou 1.500 torres à Orange em Espanha por 260 milhões de euros. Assim a empresa espanhola absorveu torres e antenas e conseguiu que a empresa de telecomunicações francesa se tornasse seu cliente por um período inicial de dez anos, prorrogável por outros dez anos e depois por períodos consecutivos de um ano caso seja essa a opção da Orange.
Em outubro, a Cellnex anunciou o acordo para adquirir a divisão de infraestruturas de telecomunicações da empresa inglesa Arqiva. Já em setembro comprara a Cignal, na Irlanda, um dos principais operadores irlandeses de infraestruturas de telecomunicações, por um total de 210 milhões de euros. No verão de 2019, a empresa espanhola comprou os direitos de exploração e comercialização de 220 torres da BT no Reino Unido.
Nos primeiros seis meses do ano passado, a Cellnex assinou acordos de colaboração estratégica a longo prazo com a Iliad – em França e em Itália – e com a Salt na Suíça para adquirir 10.700 infraestruturas (5.700 em França, 2.200 em Itália e 2.800 na Suíça) e levar a cabo um programa de construção (BTS) de 4.000 novas infraestruturas até 2027 (2.500 em França e 1.000 em Itália para a Iliad, e 500 para a Salt na Suíça). Com um investimento total previsto de quase 4.000 milhões de euros.
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