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Centeno: “A banca ajudou a evitar uma crise de crédito que teria sido dramática”

O governador do Banco de Portugal sublinhou que “os bancos fizeram parte da solução e não foram parte do problema”. Alertou, contudo, que é preciso garantir a resiliência do sistema bancário, “em face de um provável aumento das perdas de crédito”.
Cristina Bernardo
20 Novembro 2020, 10h13

O setor bancário fez parte da solução para ajudar a economia portuguesa a absorver o choque inicial provocado pela pandemia da Covid-19 ao evitar uma perigosa crise de crédito, mas precisa de garantir resiliência pois enfrenta desafios como um provável aumento das perdas de crédito, problemas de rentabilidade e as exigências da digitalização, afirmou esta sexta-feira o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno.

“Temos um sistema financeiro, hoje, resiliente e isso foi determinante para a rapidez e a intensidade das medidas aprovadas”, disse Centeno, numa conferência em Lisboa. “Por ter posições de capital e liquidez mais sólidas do que na anterior crise financeira, o sistema bancário contribuiu para a acomodação do choque inicial da pandemia, garantindo que os agentes económicos tivessem à sua disposição o crédito necessário e reduzindo as pressões de desalavancagem”

O governador do BdP sublinhou que “os bancos fizeram parte da solução e não foram parte do problema”.

“O setor bancário resistiu bastante bem à crise até ao momento, apesar de uma série de riscos e vulnerabilidade que cresceram de forma evidente. Ajudou a absorver o choque e evitou uma crise de crédito que teria sido prejudicial para a economia, diria eu mesmo dramática”,

Mário Centeno alertou no, entanto, que e preciso garantir a resiliência do sistema bancário, “em face de um provável aumento das perdas de crédito”.

Recordou que se, por um lado, as entidades bancárias começaram logo a provisionar os riscos de crédito, dando assim um passo prudencial adequado, por outro, o sistema bancário continua a enfrentar problemas de rentabilidade e tem de responder aos desafios provocados pela digitalização.

“As soluções para estes desafios não devem ter origem em apenas cada um dos países europeus, mas devem ter um enfoque conjunto. As instiuições financeiras têm de desempenhar o seu papel, respondendo ao desafio com determinação e tomando decisões que não esqueçam a importância do seu contributo responsável para o apoio à economia”, adiantou o ex-ministro das Finanças e ex-presidente do Eurogrupo.

“Mas não podemos perder de vista as principais fraquezas estruturais do sistema bancário europeu, que eram evidentes antes desta crise”, vincou. “É preciso continuar a reduzir o excesso de capacidade e a melhorar a relação custo-eficácia para fazer face à baixa rentabilidade, procurando modelos de negócio que respondam a uma economia cada vez mais digital”.

 

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