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Centeno defende que requisitos de MREL devem ser proporcionais à dimensão dos bancos e capacidade de ir aos mercados

Os requisitos de MREL (Minimum Requirement for own funds and Eligible Liabilities) devem ser aplicados de uma forma proporcional, “levando em consideração os modelos de negócios dos bancos e/ou a sua dimensão e a capacidade de acesso aos mercados”, defendeu Centeno.
1 Outubro 2021, 22h06

O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, na “CIRSF Conference 2021 – The Financial System and the European economic recovery”, que decorreu na passada quinta-feira, abordou a “desejada” conclusão da união bancária, incluindo o Sistema Europeu de Seguro de Depósitos.

“Com a transferência da supervisão e resolução bancária para o nível europeu, temos de assegurar um alinhamento entre controlo e responsabilidade”, disse o Governador que alertou para os riscos de “uma estrutura de tomada de decisão centralizada, sem a combinação adequada de riscos e passivos”.

Uma União Bancária incompleta ainda é motivo de preocupação, alertou o Governador que defende que “temos que garantir a proteção dos depositantes e sua confiança no sistema”.

“Uma união bancária de pleno direito promoverá a estabilidade financeira na União e em cada Estado-Membro”, defendeu Mário Centeno.

“Permitam-me que seja um pouco mais detalhado aqui, visto que o Banco de Portugal esteve fortemente envolvido neste último ano neste debate na Europa. A estrutura existente para gestão de crises [bancárias] apresenta deficiências na gestão de falências de bancos de pequeno e médio porte com um modelo de negócios orientado para depósitos. Neste contexto, existem expectativas em torno da revisão do quadro de Gestão de Crises e garantia de depósitos”, disse Mário Centeno num discurso publicado no site do Banco de Portugal em inglês.

“As discussões [na Europa] até agora mostraram que persistem visões amplamente divergentes sobre as soluções para corrigir as deficiências existentes. No entanto, uma abordagem holística deve ser encontrada. Ao definir a Medida de Resolução como a principal ferramenta para lidar com a falência de bancos, a estrutura revista da Gestão de Crises deve se esforçar para fazer a calibração dos requisitos de MREL (Minimum Requirement for own funds and Eligible Liabilities) de uma forma mais proporcional, levando em consideração os modelos de negócios das instituições e/ou a sua dimensão e a sua capacidade de acesso aos mercados”, defendeu Centeno.

O MREL inclui fundos próprios e passivos que podem ser abatidos ou convertidos em capital de forma a absorverem perdas ou recapitalizarem o banco num evento de resolução.

“Deve também ser feita uma revisão das regras e limites de acesso e utilização dos mecanismos de financiamento da medida de resolução (permitindo um apoio financeiro adequado às medidas de resolução, nomeadamente para evitar o resgate dos depositantes)”, defendeu o Governador.

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