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Centromarca saúda entrada da Mercadona em Portugal

Pedro Pimentel, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca que a conquista do mercado do grupo espanhol vai conduzir a uma maior competição junto dos consumidores e a uma maior pressão no aprovisionamento junto dos fornecedores.
2 Julho 2019, 07h45

“É salutar e é de saudar a abertura das primeiras lojas de um novo operador no mercado do retalho alimentar em Portugal, interrompendo um ciclo de mais de dez anos em que não se verificaram saídas ou entradas relevantes no setor da moderna distribuição em Portugal”, defende Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca, a propósito da primeira abertura oficial de uma loja da Mercadona em Portugal, que teve lugar ontem, dia 1 de julho, em Gaia, Canidelo.

Hoje, será a vez de esta primeira unidade da Mercadona no nosso mercado abrir ao público, seguindo-se mais três lojas no distrito do Porto ainda este mês, uma por semana, e mais seis lojas nos distritos do Porto, Braga e Aveiro até ao final deste ano.

Desde 2016, ano em que anunciou a sua entrada em Portugal, naquele que é o primeiro mercado de internacionalização da Mercadona, o grupo já investiu 160 milhões de euros em Portugal, a que acrescem mais de 100 milhões de euros durante o presente ano, num total superior a 260 milhões de euros.

Para o ano, está prevista a abertura mais 10 lojas da Mercadona, também na região norte de Portugal, com um valor de investimento não revelado.

E Juan Roig, presidente da Mercadona, revelou ontem, na cerimónia de inauguração da loja do Canidelo, que o grupo vai avançar com o investimento num novo centro logístico em Portugal, na proximidade de Lisboa, idêntico ao que já tem em funcionamento na Póvoa de Varzim, o que confrma a intenção do grupo espanhol seguir para sul e passar a ter uma cobertura geográfica nacional no nosso país.

“Há uma forte expectativa associada à chegada da Mercadona ao nosso país, pois trata-se do líder incontestado do setor em Espanha, mercado no qual o seu volume de negócios supera isoladamente o total do mercado da distribuição alimentar português”, adianta Pedro Pimentel, em declarações exclusivas ao Jornal Económico.

A Mercadona é o maior grupo de distribuição alimentar moderna da Península Ibérica, tendo faturado no ano passado mais de 24,3 mil milhões de euros e dispondo neste momento de 1.636 lojas só no mercado espanhol.

Para Pedro Pimentel, “o impacto é relativamente fácil de antecipar embora possa assumir diferentes profundidades e relativamente ao qual há que adicionar as reações dos principais competidores em Portugal”, acrescentando que, “no entanto, a entrada de um novo e potente operador num mercado estagnado e pressionado demograficamente, com uma rede de lojas densa e de qualidade, aliado a uma desaceleração do fluxo turístico, faz com que a conquista de mercado – que a Mercadona indiscutivelmente pretende – se faça à custa dos restantes distribuidores que, por seu lado, tudo farão para não perder nem a sua quota de mercado, nem o seu volume de vendas (e rentabilidade) atual”.

“Isso conduzirá, por certo, a uma maior competição no mercado junto do consumidor e a uma maior pressão no aprovisionamento junto dos fornecedores”, conclui o diretor geral da Centromarca.

Mas Pedro Pimentel avisa que, “se na Centromarca encaramos estas movimentações como positivas, não deixaremos de manter um olhar atento e acutilante em relação a todas as ações que conduzam a potenciais abusos nas relações comerciais”.

 

 

 

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