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Centros comerciais: 20% dos empregos em risco com encerramento ao domingo

O Bispo do Porto pediu o encerramento dos centros comerciais ao domingo para melhorar a vida familiar. O apelo levou à criação de uma petição que reuniu 80 mil assinaturas a pedir o fecho destes espaços comerciais ao domingo. Associação que representa o setor alerta para o impacto negativo nos postos de trabalho, se a medida avançar.
11 Maio 2019, 22h38

O encerramento dos centros comerciais ao domingo pode provocar uma perda de 20% dos empregos atuais neste setor. O alerta é lançado pela Associação Portuguesa dos Centros Comerciais (APCC) depois de uma petição ter reunido 80 mil assinaturas a exigir o fim destes espaços comerciais.

Em entrevista à Antena 1/Jornal de Negócios, o presidente da APCC alerta que, se a decisão avançar, alguns centros comerciais poderiam mesmo fechar as portas. António Sampaio de Mattos explicou que este impacto acontece porque o domingo é o terceiro melhor dia da semana em vendas dos centros comerciais, a seguir à sexta-feira e ao sábado.

O responsável está confiante que a medida não vai avançar. “É impossível, porque o consumidor não quer. E não está na ordem do dia do Governo”, afirmou. Este setor é responsável por 100 mil empregos diretos e 200 mil indiretos.

No ano passado, as vendas nos centros comerciais subiram, com uma faturação total 10 mil milhões de euros, um valor que deverá voltar a subir este ano. Os centros comerciais receberam 580 milhões de visitas no ano passado, com cada português a ir em média uma vez por semana a estes espaços.

Em relação à abertura de novos espaços, o líder da APCC diz que o mercado não tem mais capacidade para centros comerciais. A surgirem novos espaços, “poderá passar pelo fim de alguns”, afirmou. Neste momento, não há planos para abrirem novos espaços.

Só nos últimos cincos anos, as compras e vendas de centros comerciais em Portugal geraram um total de 3.200 milhões de euros, com os fundos de investimento a terem um papel de relevo nestas operações.

Este tema ganhou destaque recentemente depois de o Bispo do Porto ter pedido na Missa de Páscoa o sobre o encerramento dos centros comerciais ao domingo de forma a melhorar a vida familiar dos portugueses.

“Pensemos no novo esclavagismo da laboração contínua, legalmente imposta pelos novos senhores do mundo que dominam a economia e, por esta, os governos. Pensemos como os critérios dos turnos, em setores onde, para além da ganância, nada os justifica”, disse Dom Manuel Linda a 21 de abril na missa realizada na Sé do Porto.

“O mesmo se diga da abertura dos supermercados e dos centros comerciais ao domingo, expressão de um certo subdesenvolvimento humano e mesmo económico. Os países mais ricos não abrem supermercados ao domingo”, destacou, citado pelo Jornal de Notícias.

Dom Manuel Linda referiu-se assim à “morte do domingo”, situação que causa “graves transtornos psicológicos ao trabalhador”, provocando o “fracionamento dos encontros familiares”.

O Bispo do Porto considera que a civilização se tornou “fria, sem alma, individualista (…) de base materialista e hedonista, perdendo as marcas da herança cristã e da cultura ocidental humanista”, afirmou, segundo o JN.

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