O presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, também considera que o 5G vai chegar mais tarde ao país do que o previsto pela Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) prevê, apesar das diretivas europeias. O gestor acredita, ainda, que o regulador tenta “levar ao limite os operadores para que eles aparentemente falhem”.
“É evidente que nós estamos atrasados no 5G”, afirmou Alexandre Fonseca ao Jornal Económico, no sábado à noite, 31 de agosto, à margem de uma visita à Feira de São Mateus, em Viseu, onde a empresa é parceira oficial e tecnológica tecnológica.
“O que podemos tentar fazer é, mais uma vez, condensar tudo o que há a fazer para que em quatro cinco meses seja feito tudo o que deveria ter sido feito num ano”, acrescentou o CEO da empresa de telecomunicações.
“Que estamos atrasados é evidente. Portugal foi dos primeiros países europeus a lançar as gerações de rede móvel anteriores, somos líderes em fibra ótica, o país sempre liderou todas as vagas tecnologicas nas telecomunicações. No 5G, Espanha, Suíça, Alemanha e Inglaterra já lançaram o serviço. Itália e Áustria já fizeram leilão das frequências e em Portugal nós nem sabemos o que vai acontecer”, prosseguiu.
O gestor admitiu, por isso, estar “extremamente preocupado” com o impacto que o referido atraso da implementação do 5G terá na economia do país.
Portugal corre atrás do prejuízo? “Obviamente que podemos queimar etapas, fazer tudo de forma atabalhoada, pressionar os operadores para terem as coisas mal feitas para que haja problemas. Muitas vezes, tenho a sensação que este regulador tenta levar ao limitar os operadores para que, aparentemente, falhem, para depois o regulador dizer que os operadores são entidades que não têm competência”, respondeu.
O CEO da Altice lembrou ainda que o Governo, pelo que foi anunciado em maio, vai apresentar, publicamente, no dia 13 de setembro a estratégia e o calendário nacional do 5G. Contudo, disse ao JE ainda não ter qualquer informação sobre esse pronunciamento ou estratégia governamental para o 5G.
“Zero, não temos qualquer conhecimento sobres as faixas de espectro, sobre qual é o timing ou do mecanismo de atribuição do espectro – se é leilão ou outro. Nada, temos completa escuridão sobre o plano do 5G”, criticou.
O gestor considerou que o país já se encontra numa fase em que procura “minimizar os danos” do mencionado atraso.
Altice falará sobre Televisão Digital Terrestre depois da consulta pública
Antes de chegar o 5G, em junho de 2020 (data prevista pelo regulador com base em diretivas da União Europeia) terá de ser resolvida a questão da Televisão Digital Terrestre (TDT), que ainda ocupa a faixa do espectro (700Mhz) destinada ao 5G. Por isso, o regulador determinou comecar a libertar a faixa dos 700Mhz a partir do dia 1 de outubro
A Altice Portugal, dona da Meo que opera o serviço TDT, tem vindo a discordar do regulador nesta matéria.
“Nós estamos ainda em fase de consulta publica, que vai terminar em meados de setembro e depois nós iremos pronuciar-nos. Mas a consulta pública já dá indícios de que todas as recomendações que a Altice, faz há quase um ano, ao regulador foram ignoradas”, disse Alexandre Fonseca.
Ao JE, o gestor criticou a Anacom por, “aparentemente, tentar recuperar o tempo perdido, por sua única responsabilidade, e reduzir o calendário para a execução de um processo que é complexo, esquecendo aquilo que é o apoio aos utilizadores finais da TDT, tradicionalmente, com alguma iliteracia digital e que, por isso, vai ter dificuldades em fazer a sintonia”.
TVI? “Espero que não haja dois pesos e duas medidas”
Instado ainda a comentar as negociações exclusivas que ocorrem entre a Prisa e a Cofina pela participação acionista da Media Capital, dona da TVI, Alexandre Fonseca, considerou trata-se “um sinal da consolidação do setor dos media, fora do setor das telecomunicações”.
Ainda assim, afirmou: “A única coisa que espero é que as autoridades não voltem a correr o mesmo erro, de demorar um ano a fazer uma análise inconclusiva. E se há um ano [quando a Autoridade da Concorrência chumbou a compra da Media Capital pela Altice] houve um conuunto de preocupações manifestadas naquela altura, que haja agora a mesma abordagem que houve quando apresentamos a nossa proposta. Ou seja, que não haja dois pesos e duas medidas. Espero que haja a mesma competência e rigor e mais celeridade, com um bocadinho mais de experiência e conhecimento.
Viseu é “peça fundamental” na aposta da Altice no interior de Portugal
Este é o terceiro ano que a Alice Portugal patrocina a Feira de São Mateus. Com esta parceria, a Altice assegurou até hoje o consumo de sete terabytes de tráfego wi-fi na Feira de São Mateus, número que já superou o consumo total verificado na edição de 2018. Por isso, a operadora de telecomunicações determinou para o evento a instalação de mais de três quilómetros de cabos de fibra ótica e de rede, reforçou a rede de wi-fi com dezenas de pontos de acesso e instalou equipamentos que permitem interligar câmaras de vigilância, torniquetes de gestão de entradas, computadores e terminais de pagamentos automáticos.
A rede móvel foi também reforçada, tendo sido aumentada a sua capacidade com disponilibização de tecnologia 4,5G.
Em plena Feira de São Mateus, Alexandre Fonseca, vincou a satisfação pela empresa que dirige ser parceira de um evento com”projeção nacional e internacional”.
“É também por isso que a Altice Portugal reforça, ano após ano, esta parceria tecnológica e este apoio. para nós, nenhuma região é estranha e Viseu muito menos. Neste sentido, o investimento nesta cidade e neste distrito tem sido uma peça fundamental do compromisso, cada vez mais sólido da Altice Portugal com o interior do país”, acrescentou.
A Feira de São Mateus começou no dia 8 de agosto e decorre até ao dia 15 de setembro. Ao dia de hoje, o número de visitantes ronda os 700 mil. Na edição de 2018, a Feira de São Mateus recebeu mais de um milhão de visitantes em 39 dias de atividade.
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