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CEO da Galp critica elevada carga fiscal em Portugal e exige mais apoio ao investimento

A petrolífera revelou hoje estar em contacto com as autoridades para resolver questões regulatórias e fiscais numa altura em que prepara investimentos de quase 500 milhões na refinaria de Sines no hidrogénio verde e biocombustíveis.
Galp Filipe Silva
5 Maio 2023, 16h07

A Galp queixou-se hoje da elevada carga fiscal de 64% a que está sujeita em Portugal e revelou estar em conversações com o Estado para resolver questões regulatórias e fiscais.

“Sobre os projetos de Sines, estamos preparados para avançar: temos as pessoas, os fornecedores, temos o projeto todo alinhado”, começou por dizer hoje o presidente executivo da empresa.

“Isto são projetos importantes, centenas de milhões por projeto, existem questões regulatórias que estão a ser resolvidas, e tambem precisamos de clarificar os regimes fiscais em Portugal com as autoridades”, acrescentou Filipe Silva.

“A Galp está a ser taxada a 64% em Portugal. Os projetos não surgem com este nível de impostos. Precisamos de ter um ambiente que permita tomar estas grandes decisões”, alertou o gestor numa chamada com analistas.

Tal como o Jornal Económico revelou em primeira mão a 21 de abril, a Galp prepara-se para investir 486 milhões de euros até ao final de 2025 na refinaria de Sines. A energética portuguesa tem duas frentes: o hidrogénio verde e os biocombustíveis rodoviários e de aviação. Serão criados 128 postos de trabalho diretos para operar estas unidades, com mais de mil trabalhadores para a fase de construção. Este investimento marca a nova trajetória da petrolífera rumo à descarbonização.

A maior fatia do investimento (269 milhões de euros) destina-se ao projeto HVO@Galp que prevê a construção de uma “unidade de produção de biocombustíveis (biojet e biogasóleo, fundamentalmente), para utilização no transporte rodoviário e aviação”.

Este projeto vai permitir à Galp a “substituição gradual dos tradicionais gasóleo e querosene de aviação (jet) de origem fóssil por combustíveis de origem sustentável com base em óleos alimentares usados e resíduos oleosos de animais e plantas”.

A companhia espera que o projeto gere receitas anuais no valor de 432 milhões de euros quando estiver em operação.

Com esta unidade serão criados 76 novos postos de trabalho diretos, e 150 a 200 indiretos. Durante a construção serão empregues em média 750 trabalhadores, podendo atingir mais de mil trabalhadores no pico das operações.

Esta unidade vai ter uma capacidade para produzir anualmente “262,7 kt/ano de biogasóleo ou de 193,0 kt/ano de biojet e de outros produtos, também de origem renovável, como a nafta e o propano”.

A construção deverá arrancar no segundo semestre de 2023 e termina na segunda metade de 2025.

Noutro projeto previsto para a refinaria de Sines, a Galp planeia investir 217 milhões de euros até ao final de 2025 para construir uma central de produção de hidrogénio verde.

O GalpH2Park de Produção e Armazenagem de Hidrogénio Verde vai ter uma capacidade de 100 megawatts (MW) e vai ser instalado num terreno pertencente à Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), numa área de 4,5 hectares, com uma vida útil de 20 anos.

Em termos de produção anual, a empresa destaca que terá uma capacidade de produção superior a 14 mil toneladas de hidrogénio verde, com a sua totalidade a ser consumida na própria refinaria para substituir o atual hidrogénio cinzento produzido no local com recurso ao gás natural e que dá “origem à emissão de gases com efeito de estufa como o dióxido de carbono”.O processo de eletrólise “não tem associadas emissões de gases de efeito de estufa”.

A fase de construção deverá ter a duração de 25 meses e vai empregar diretamente 225 trabalhadores. Na fase de produção, serão criados 52 postos de trabalho diretos.

Desta forma, o objetivo é instalar até 2025 esta unidade de 100 MW que será crucial para a “adaptação à nova tecnologia de produção de hidrogénio e aquisição de conhecimento”. Depois, até 2026, “está prevista a expansão do projeto até 600 MW, para garantir a totalidade da substituição de hidrogénio cinzento por verde na atividade da Refinaria de Sines”. Por último, até 2030, “está prevista a expansão da capacidade até 1,5 GW. Este aumento de capacidade servirá para dar resposta a necessidades de hidrogénio renovável para projetos de produção de combustíveis de baixo ou zero carbono, nomeadamente para a aviação e para o sector marítimo”, explica a empresa no estudo de impacte ambiental cuja consulta pública termina a 1 de junho.

Ambos os projetos estão em consulta pública até 1 de junho.

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