Uma solitária referência numa apresentação de 58 slides e uma única menção em duas horas e 11 minutos de discursos e respostas. O ‘Capital Markets Day’ da Galp veio confirmar, dessa forma, uma realidade conhecida em dezembro: Matosinhos é o passado e Sines o futuro da refinação da petrolífera em Portugal.
Andy Brown, o novo CEO da empresa, explicou que a Galp alterou a organização de um dos pilares do negócio, o ‘downstream‘, que agora será ‘downstream transformation‘, dividido entre ‘commercial‘ e ‘industrial & energy management‘, estando a refinação nesta última rubrica.
“No âmbito industrial, e em particular na refinação, melhorar a resiliência vai ser chave, mas também descarbonizar os produtos”, explicou o gestor britânico. “Queremos concentrar-nos em projetos bons, de retornos elevados e rápidos, mas também a gestão da energia é fundamental, adotando uma abordagem integrada nas nossas cadeias de petróleo, gás e energia renovável”.
“A nossa decisão de encerrar Matosinhos em 2020 melhorou significativamente a resiliência da nossa posição de refinação. Permitiu-nos focar na conversão gradual de Sines de um centro de energia ‘cinzento’ para um centro de energia ‘verde'”, sublinhou Brown.
A Galp decidiu no final do ano passado concentrar as operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos.
A 6 de maio, Carlos Silva, administrador da Galp, informou que a empresa deu início a um despedimento coletivo de cerca de 150 trabalhadores da refinaria de Matosinhos, e chegou a acordo com 40% dos cerca de 400 colaboradores Desses últimos, mais de 100 continuarão a sua atividade no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país, ou por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos negócios e também para a refinaria de Sines, enquanto mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos irão manter-se, pelo menos, até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
A Galp afirmou esta quarta-feira que pretende tranformar a refinaria de Sines num hub de energia ‘verde’ até 2030, altura na qual quer reduzir em metade as emissões das operações face aos níveis de 2017. A estratégia passa pelo aumentos da resiliência e da sustentabilidade, através de investimentos selectivos e a optimização da eficiência com melhorias rápidas e custos baixos.
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