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CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar: “há um conjunto de barreiras impositivas que retiram capacidade à produção”

António Serrano, gestor da nova unidade de negócio da Jerónimo Martins, alertou para a burocracia e a falta de mão de obra no sector. Paulo Portas, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, denunciou as tarifas de Trump à União Europeia e Susana Pombo, responsável da DGAV, apontou a necessidade de antecipar desafios. O 7º Colóquio Hortofrutícola da Lusomorango junta esta sexta-feira, em São Teotónio, especialistas da esfera política e autárquica, empresarial e académica. O JE é media partner.
18 Julho 2025, 12h47

A burocracia e a mão de obra são dois grandes desafios ao futuro do sector agrícola. António Serrano, CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar, antigo ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, admitiu, esta manhã, em São Teotónio, concelho de Odemira, que produção e distribuição alimentar são temas muito complexos, mas o ambiente que temos criado na Europa “não é promotor da nossa produção e da soberania alimentar”.

O gestor participava na mesa redonda “Segurança Alimentar: o desafio global”, no âmbito do 7. º Colóquio Lusomorango Faceco 2025, moderado por José Carlos Lourinho, editor Jornal Económico, media partner da iniciativa, promovida por esta organização de  produtores de pequenos frutos, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, com o apoio da EY.

António Serrano referiu-se a uma “teia complexa de burocracia”, “um conjunto de barreiras impositivas que retiram capacidade à produção”, cujos processos “é preciso simplificar”.

Em relação à segunda questão – a mão de obra, António Serrano foi perentório: “Nós precisamos de mão-de-obra imigrante, regulada e integrada”.

No mesmo painel, Susana Pombo, diretora-geral da DGAV (Direção-geral da Alimentação e Veterinária) e presidente do conselho da Organização  Mundial de Saúde Animal, começou por traçar o papel do organismo balizado por regras, com desafios os muito grandes e difícil previsibilidade. Num mundo interdependente que para funcionar bem tem que assentar a segurança entre os estados que “está beliscada”, “temos que ter capacidade de conseguir antecipar “.

“Os cidadãos do bloco têm confiança naquilo que se produz, mas querem mais: querem produtos produzidos com ética e sustentabilidade”, afirmou Susana Pombo.

Paulo Portas, antigo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, que nos minutos anteriores tinha feito uma intervenção de fundo sobre o desafio  global que representa a segurança alimentar, abordou neste painel, a questão do momento: as tarifas de Donald Trump à Europa. Referindo que as exigências em matéria alimentar nos Estados Unidos e na União Europeia são diferentes, expressou a seguinte convicção: “Se houver acordo haverá algumas cedências nas barreiras não tarifárias”.

Paulo Portas salientou, uma vez mais, que “as tarifas são um programa de austeridade encapotada”, uma “forma de os Estados Unidos porem o mundo a pagar a dívida americana”, com consequências para o mundo.

“O protecionismo como regra sistémica empobrece-nos a todos e, em particular, aos produtores agrícolas.

O 7º Colóquio Hortofrutícola, dedicada ao tema “Nutrir o Futuro: Produção Agrícola, Segurança, Autonomia e Soberania” está inserido no programa “Visão Estratégica para o Agroalimentar – Conhecer para Decidir, Planear para Agir, que tem como objetivo refletir e produzir conhecimento para um sector agroalimentar mais sustentável, inovador e competitivo.

O encontro junta especialistas da esfera política e autárquica, empresarial e académica. Além de Paulo Portas, António Serrano e Susana Pombo, estão hoje em São Teotónio, Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh, Roberto Grilo, vice-presidente da CCDR Alentejo, Eduardo Diniz, diretor Geral do GPP – Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral do Ministério da Agricultura e Mar, Nuno Canada, presidente do Conselho Diretivo do INIAV, Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente, Catarina Campos, Raspberry Product Leader DEMEA da Driscoll`s, Rute Xavier, da Universidade Católica Portuguesa, e Sandra Primitivo, responsável pela área de avaliação de políticas públicas da EY-Parthenon

Na sessão de abertura do Colóquio, Loic de Oliveira, presidente da maior organização de produtores de pequenos frutos, alertou para a necessidade de combater a burocracia. Presidente da CCRD defendeu que a Agricultura é política pública central e o presidente da Câmara de Odemira salientou o ativo que é ter paz social.

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