O CEO da tecnológica portuguesa PHC Software garante que a empresa do Taguspark “não está à venda” e confirma que o grupo concorrente Primavera BSS fez uma proposta de aquisição, que foi recusada. Em declarações ao Jornal Económico (JE), Ricardo Parreira defende que “Portugal precisa de empresas portuguesas e não pode ser periférico”.
A PHC teve um volume de negócio de 13,1 milhões de euros em 2021, em linha com o primeiro ano da pandemia. Qual foi a faturação nos primeiros seis meses de 2022?
A nossa faturação está com um desempenho ótimo e acima dos ambiciosos objetivos que traçámos para este ano. Temos por política não divulgar os valores de faturação antes do fecho do ano, mas posso adiantar que estamos a sentir claramente o caminho da transformação digital nesta era pós-pandemia, onde o reconhecimento que o mercado tem do nosso software está a fazer crescer as nossas vendas, quer em Portugal quer noutras geografias.
Estão a desacelerar planos de contratação, como está a acontecer a outras tecnológicas mundiais, para precaver um cenário de nova crise?
A PHC Software não vai desacelerar. Queremos estar no nosso melhor, continuar a crescer de forma sustentável e estamos a reforçar as nossas equipas. Um exemplo disso foi o recente evento de recrutamento, “Bit This”, no dia 2 de julho, para talento tecnológico especializado e onde era apenas possível entrar por convite. Em menos de quatro horas fizemos todo o processo, apresentámos na hora várias propostas e recrutámos várias pessoas. Toda a nossa estratégia é de médio-longo prazo, com o rumo muito bem definido, e somos uma empresa com uma solidez que nos permite não oscilar a situações momentâneas. Pelo contrário, costumo referir que em situações difíceis, como as de crise, há duas verdades: que tem impactos negativos e que é passageira. Desacelerar é colocarmo-nos debaixo de uma onda que nos pode engolir com facilidade. Veja-se o que está a acontecer com o sector da aviação, que reduziu as contratações durante a pandemia e agora está com dificuldades em garantir a atividade normal.
Este ano já receberam propostas de aquisição ou contactos iniciais para esse efeito?
A PHC é uma empresa muito apetecível, na medida em que nunca deu prejuízo em 33 anos, bate recordes de vendas há mais de seis anos, é saudável financeiramente e tem uma atividade consolidada e reconhecida no mercado. Não é de estranhar que sejamos contactados cerca de duas vezes por semana com abordagens de aquisição ou entrada no capital da empresa; e tem sido uma tendência que tem vindo a aumentar desde o início do ano. Mas também recebemos propostas para aquisição de empresas, algumas até concorrentes diretas. O que é interessante, porque a saúde e posição da PHC no mercado do software de gestão em Portugal a coloca tanto no radar de quem compra como de quem vende. No entanto, sabemos o caminho que queremos percorrer: o de continuar a ser uma multinacional portuguesa independente.
A Primavera BSS foi uma das empresas que falou convosco?
A PHC não está à venda. O grupo Primavera fez uma abordagem no sentido de adquirir a PHC, mas ficou claro que não estamos interessados na venda. Também temos o nosso próprio plano de expansão em curso, com um crescimento internacional sustentado e onde o próprio mercado espanhol tem vindo a acelerar as vendas. Penso que também não seria benéfico para o mercado português que os dois maiores fabricantes de software de gestão fossem adquiridos por uma empresa espanhola, onde uma gestão ibérica retiraria, inevitavelmente, o foco num mercado nacional. Especialmente num mercado onde a venda através da rede de parceiros é tão importante. Portugal precisa de empresas portuguesas e não pode ser periférico.
“Também têm o vosso próprio plano de expansão em curso”. A estratégia para os próximos meses inclui igualmente M&A?
É algo a que estamos atentos, encaramos como atividade normal do mercado, e uma frente na qual também estamos ativos. Não é novidade para ninguém que o mercado de software de gestão em Portugal seja fragmentado e que nele existem empresas com bons produtos. No entanto, neste mercado, um bom produto é complementado com um bom modelo de negócio, onde parceiros preparados ajudam o cliente final a tirar o melhor partido do software na gestão da sua empresa. Esta é uma premissa importante para a PHC e da qual não abdicamos. Não estamos a pensar abandonar os nossos parceiros, nem de os reduzir a um papel secundário na venda dos produtos cloud. Pelo contrário, são uma peça fundamental.
O JE tentou contactar a Primavera, adquirida no ano passado pela Oakley Capital, mas até ao fecho deste artigo não obteve resposta.
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