O CEO da REN – Redes Energéticas Nacionais considera que o licenciamento de projetos de energias renováveis em Portugal é complexo, mas garante que a companhia está preparada para reforçar a rede elétrica para os projetos de energia eólica offshore.
“Os 10 gigawatts de energia offshore não vêm todos de uma vez, o PNEC 2030 prevê 2 gigawatts até 2030. Achamos que temos capacidade, quer técnica, quer financeira, para todos os projetos. Beneficiamos de boa capacidade técnica para fazer este trabalho”, disse Rodrigo Costa.
“Agora, os temas de licenciamento são de facto muito complexos, não é só uma pessoa queixar-se dos atrasos. O tema ambiental é particularmente complexo, tem sempre impacto nas populações, é sempre muito difícil arranjar soluções, e sabemos que no fim do dia as soluções nunca são as ideais para toda a gente”, sublinhou.
“Estamos todos a tentar, e acredito que tanto a APA, como a DGEG, como o Governo estão a tentar andar mais depressa, mas isto não faz com que as coisas se decidam de um dia para o outro, mas de facto estes trabalhos são muito complexos”, afirmou o gestor aos jornalistas à margem da conferência da Associação Portuguesa de Energia (APE) que decorreu na semana passada em Lisboa.
“O nosso grande desafio são 1.500 a 2.000 km de linhas nos próximos 7/8 anos: são subestações, linhas e muita atenção à tecnologia que vai ser usada”, afirmou, apontando que a empresa fez uma “grande contratação de engenheiros este ano”, a maior dos últimos 20 anos.
Rodrigo Costa deu o exemplo das várias metas do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030 que foi revisto este ano com metas mais ambiciosas.
Presente no mesmo evento, o ministro da Economia também destacou a dificuldade para os projetos em Portugal serem licenciados devido à burocracia.
“Vamos viver durante o século XXI num mundo cada vez mais povoado por baterias, dirigido por baterias. Os países que fabricarem baterias estarão na linha da frente da transformação da sua economia. Alguns grandes fabricantes mundiais estão interessados em escolher o nosso país, vamos ver se conseguimos lutar contra todos os obstáculos que existem, desde o licenciamento, pesadíssimo, às burocracias, às autorizações, até à incapacidade que temos de ver onde está o futuro e criar condições para as companhias e empresas desenvolverem os seus projetos”, disse António Costa Silva em discurso nesta conferência.
O ministro acrescentou que o Governo está a fazer “tudo o que é possível” para “remover os obstáculos para atrair esses investimentos”. “Penso que é prematuro anunciar o desfecho. mas creio que vamos conseguir atrair, pelo menos, um ou dois investimentos de fabricantes de baterias”, afirmou o ministro depois aos jornalistas. Um dos projetos em vista para Portugal é a fábrica da China Aviation Lithium Battery Tecnology (CALB) em Sines, um dos maiores produtores mundiais de baterias.
Questionado sobre o parecer da ERSE ao plano de desenvolvimento da rede de gás natural, Rodrigo Costa disse que a empresa está agora em “fase de avaliação” e que o “mais importante é a decisão do concedente em relação aos planos”.
“Compreendemos algumas das observações da ERSE, mas por outro lado temos obrigação de dar provimento aquilo que é a ambição do PNEC 2030. Há muito trabalho que tem de ser feito em várias frentes, o gás faz falta e vai fazer falta durante muitos anos”, acrescentou o CEO da REN.
Sobre o hidrogénio verde, disse que os “projetos que são mais fáceis de fazer são os dos vales do hidrogénio, como em Sines, há uma fabrica de baterias, data center, há uma fabrica de aço verde, há muitas coisas que podem acontecer no curto prazo. Eles só podem fazer se tiverem a certeza que existe infraestrutura, nós só a podemos fazer se o Estado autorizar a fazer infraestrutura, o Estado só quer autorizar a infraestrutura quando tiver a certeza que há… Estamos a falar de 5 ou 6 gigawatts de potencia que podem de facto acontecer, é uma oportunidade”.
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