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CEO da Semapa: “A minha presidência da Navigator e Secil não traduz uma mudança de estratégia”

O CEO da Semapa diz que as presidências anunciadas significam a aposta na Governance profissional. Heinz Peter vai ser também Chairman da Sodim.
17 Novembro 2018, 20h00

O Grupo Queiroz Pereira anunciou esta semana mudanças nas presidências das várias empresas, que traduzem a implementação de um modelo de separação entre a esfera acionista e a gestão, e que traduz a aposta na profissionalização do grupo.

João Castello Branco, CEO da Semapa, confirmou ao Jornal Económico que Heinz Peter vai ser também ‘chairman’ da Sodim (holding familiar que é dona da Semapa, com 71,93%). O que significa que a gestão profissional estende-se também às empresas familiares do Grupo.

Em declarações exclusivas ao Jornal Económico, na sequência do anúncio das novas presidências do Grupo Semapa, João Castello Branco diz que “a minha presidência da Navigator e da Secil significa de facto uma aposta num governance profissional também nas participadas e é inerente às minhas funções de CEO do grupo. Não representa de per se uma mudança de estratégia nas mesmas participadas”.

João CasCastello Branco acumulará o cargo atual de CEO – presidente da comissão executiva – da Semapa com o de chairman das participadas Navigator e Secil com efeito imediato.

Heinz-Peter Elstrodt assume por cooptação a partir de 1 de janeiro de 2019 o cargo de chairman presidente do conselho de administração da Semapa.

Ambas as nomeações surgem em virtude da morte prematura do presidente do Grupo, Pedro Queiroz Pereira, em agosto último, que ocupava aqueles cargos.

Estas alterações são o corolário de um trabalho que o grupo já vinha a desenvolver para preparar a transição geracional antes da morte de Pedro Queiroz Pereira, e segundo a empresa, refletem o desejo acionista de dar continuidade a um modelo de separação entre a esfera acionista e a esfera de gestão e de continuar a apostar na profissionalização do Grupo, não só a nível da gestão executiva mas também em matérias de governo e de gestão não executiva.

No currículo de Heinz-Peter Elstrodt, destaca-se a sua experiência de acompanhamento em temas de governo e estratégia de empresas internacionais relevantes, nomeadamente em “family business”.

O facto de ser especialista no apoio a empresas familiares na transição geracional e profissionalização, levou a que tenha também sido escolhido para liderar a holding familiar Sodim, acumulando com a presidência não executiva da Semapa.

Estas alterações na cúpula das empresas do grupo foram uma escolha unânime das três herdeiras do grupo, Filipa, Mafalda e Lua Queiroz Pereira, filhas do empresário que morreu este verão. Filipa Rocha Páris, Mafalda Sacadura Botte e Lua Queiroz Pereira começaram a fazer parte dos órgãos sociais da Semapa, em maio deste ano.

Além da Navigator e da Secil, a Semapa tem ainda negócios na área do ambiente, através da ETSA, e na nova economia e start-ups, com a Semapa Next.

3º maior operador ibérico de tissue

A Semapa anunciou na passada quarta-feira ao mercado que tem “boas perspetivas” para o mercado do cimento (Secil) no quarto trimestre deste ano, além de assegurar já ter procedido a um novo aumento de preços do papel vendido aos seus clientes a partir de outubro, prometendo fazer o mesmo em relação ao tissue a partir do presente mês.

“Do lado do papel UWF [revestido], o nível da carteira de encomendas mantém-se elevado. Depois de ter implementado um conjunto de aumentos de preços na Europa, no mercado norte-americano e nos mercados internacionais durante os primeiros nove meses deste ano, a Navigator voltou a implementar um aumento de preços a partir de outubro nos mercados europeus”, assume o referido comunicado da Navigator. O mesmo documento acrescenta que, “no mercado de tissue, os produtores sentem uma forte pressão provocada pelo aumento dos preços da pasta, pelos custos dos químicos e energia, tendo a Navigator anunciado um novo aumento de preços entre 8% e 12% nos seus produtos para novembro”.

“Em simultâneo, a empresa está a arrancar com a sua nova fábrica de tissue em Cacia, que iniciou a produção de bobines em setembro. O forte esforço comercial de­senvolvido ao longo dos últimos meses permite perspetivar uma boa colocação da nova produção junto dos clientes”, prevê o comunicado da The Navigator. Esse mesmo documento sublinha que “a conclusão da nova fábrica de tissue em Cacia posiciona a Navigator como o terceiro maior produtor ibérico de tissue, com uma capacidade de produção de 130 mil toneladas de bobines e de 120 mil toneladas de converting (produto acabado)”.

“Esta nova fábrica beneficia da integração a montante de pasta, o que lhe possibilita obter vantagens competitivas ao nível dos custos de  produção, utilizar a pasta de eucalipto de elevada qualidade produzida em Cacia, e beneficiar também da localização junto do porto de Aveiro, o que lhe permitirá vender os seus produtos em mercados mais distantes”, conclui o referido comunicado da The Navigator.

Publicado inicialmente na edição do Jornal Económico nº 1961 de 2 de novembro. 

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