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CEO dos CTT admite que plano de encerramento de estações de correios “fazia pouco sentido”

Embora tenha reconhecido o erro, João Bento explicou que o contrato de concessão do serviço postal universal, em vigor até 31 de dezembro deste ano, “não tem nenhuma restrição quanto ao número de lojas de rede própria”. Assim, entende-se que o plano de encerramentos do anterior executivo dos CTT foi uma decisão de gestão.
  • João Bento, presidente executivo dos CTT
21 Janeiro 2020, 15h33

O presidente executivo dos CTT – Correios de Portugal, João Bento, reconhece que o plano de encerramentos de Lojas CTT em 2018, deixando 33 concelhos sem uma única loja própria do operador postal, “fazia pouco sentido”. Em entrevista ao programa “Tudo é Economia”, que foi para o ar na segunda-feira à noite na RTP 3, o gestor assegurou, contudo, que “nunca deixou de haver correios nesses concelhos”, uma vez que o serviço postal passou a ser assegurado por um parceiro ou agente dos CTT.

“O processo de racionalização fundamentado, em linha com uma quebra significativa da procura do correio, de certo modo e em certos casos fazia pouco sentido”, disse o CEO dos CTT. Questionado se a afirmação configurava uma crítica à anterior administração de Francisco Lacerda, João bento acrescentou: “Não é uma crítica, é uma constatação. Pior do que cometer um erro é persistir nele”.

Embora tenha reconhecido o erro, o gestor, que chegou à liderança do operador postal em maio de 2019, explicou que o contrato de concessão do serviço postal universal, em vigor até 31 de dezembro deste ano, “não tem nenhuma restrição quanto ao número de lojas de rede própria”. Assim, o plano de encerramentos de Lojas CTT do anterior executivo dos CTT foi uma decisão de gestão.

Mas agora o caminho é outro. João Bento, que está à frente dos CTT há menos de ano, anunciou logo na sua chegada à administração do operador postal – concretamente numa comissão parlamentar no verão de 2019 – a interrupção definitiva do plano de encerramentos de estações de correios. “Foi um gesto de reaproximação”, disse na RTP 3.

Há um ano, foram as recomendações da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) quanto à qualidade do serviço postal dos CTT e a pressão política e mediática em torno da empresa postal, por causa dos 33 concelhos sem estações próprias dos CTT, que levaram a uma alteração na presidência executiva e a um novo rumo na estratégia da empresa.

Agora, no ano em que o Governo vai ter abrir um novo concurso para um novo contrato de prestação do serviço postal universal, as relações entre CTT e Anacom têm um espírito “cordial, construtivo e colaborativo”, segundo João Bento.

Quanto às regiões então sem uma Loja CTT, os concelhos de Vila Flor, distrito de Bragança, e de Alpiarça, distrito de Santarém,  já voltaram a ter um posto da rede própria dos CTT. Em 3 de fevereiro, reabre a estação de Melgaço, distrito de Viana do Castelo.

O operador postal foi privatizado a 100% em 2014 – num processo que se iniciou em 2013 -, sendo que a operação rendeu aos cofres do Estado mais de 900 milhões de euros.

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