[weglot_switcher]

CGD tem 401 milhões de imóveis para venda em 2021. Moratórias geraram aumento de malparado

A Caixa diz que tinha no fim do ano 480 milhões de euros em negociação para medidas de reestruturação, dos quais 330 milhões de euros são de cerca de 3.000 famílias que saíram das moratórias. A CGD também tem 150 milhões de crédito marcado para reestruturação no crédito que estava em moratória e que diz respeito a 600 empresas.
Cristina Bernardo
11 Fevereiro 2022, 19h26

A CGD reduziu em 14,9% os imóveis recebidos em dação no balanço. Se em 2020 tinha 471 milhões de euros de imóveis em balanço, em 2021 o banco já tinha 401 milhões de euros de imóveis para venda. A cobertura por imparidades fixou-se em 53%.

CEO da CGD espera que ECS se venda

A exposição a Fundos de Reestruturação ainda soma 439 milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 444 milhões em 2020. Questionado, Paulo Macedo disse que espera que a venda dos fundos geridos pela ECS Capital se faça, mas lembrou que a CGD, por não estar agora obrigada a vender uma vez que já não está sob as exigências de Bruxelas, pode dar-se ao luxo de só vender se for vantajoso para o banco. “Venderemos se as condições forem boas”, disse o CEO.

Em propriedades de investimento o banco tem 33 milhões de euros em balanço, o que compara com 189 milhões em 2020.

Em termos de evolução da qualidade da carteira o rácio de non-performing loans (NPL) líquido de imparidades é de 0%. O valor dos NPL bruto soma 2.136 milhões de euros segundo a CGD.

O rácio de NPL bruto é de 2,8% e melhorou face a 2020. A cobertura por imparidades no fim do ano é de 99,8%. Já o rácio de NPE (inclui garantias prestadas e outros instrumentos) é de 2,3%, também este melhorou face a 2020. A cobertura é de 110,5% por imparidades.

A CGD tinha imparidades para crédito de 205,1 milhões de euros  (em 2020 tinha  271,3 milhões). Em 2021 o banco libertou 163,8 milhões de euros de imparidades. “Não libertamos imparidades ao nível de alguns bancos europeus que mais do que duplicaram o seu ROE (rentabilidade) à custa da reversão de imparidades”, disse o banqueiro.

O custo do risco de credito da CGD é dos mais baixos de sempre 0,08%.

Crédito em moratória com alguma sinistralidade 

No fim das moratórias a degradação da qualidade da carteira foi baixa mas existiu. Do crédito que estava em moratória o que está em stage 1 (performing) é inferior ao que estava antes da pandemia. Pois caiu em percentagem da carteira,  passando  de 72% em Março de 2020 (início de pandemia) para 63% no fim de 2021. O crédito em risco de incumprimento  (stage 2) passou de 20% para 27,2% no mesmo horizonte. Por fim, o crédito em incumprimento  (stage 3) passou de 8% para 9,9%.

O banco tinha em Portugal 6,4 mil milhões de euros de moratórias expiradas em 2021. A Caixa diz que tinha 480 milhões em negociação para medidas de reestruturação, dos quais 330 milhões de euros são de cerca de 3.000 famílias. A CGD também tem 150 milhões de crédito marcado para reestruturação no crédito que estava em moratória e que diz respeito a 600 empresas.

A nível internacional o banco tinha no fim do ano 897 milhões de euros de moratórias expiradas e 240 milhões de euros de moratórias em vigor no fim de 2021.

No total da carteira de crédito a evolução que se registou na classificação do crédito em moratória não se confirma. Já que o crédito em stage 1 subiu de 2020 dos 86,9% para 88,1% em 2021. O credito em stage 2 passou de 8,3% para 7,8%, com cobertura por imparidades de 21,2% e o crédito em incumprimento  (stage3) pesa 4,1% em 2021 (4,8% em 2020) com cobertura de 67,3%. Isto em Portugal.

No que se refere ao crédito consolidado  (incluindo o estrangeiro) também o crédito em cumprimento está em 88,5% acima de 2020 (87,3%). Em stage 2 está 7,8% da carteira e em stage 3 (em incumprimento) 3,8% com cobertura de 66,9%.

Ainda na conferência de imprensa, Paulo Macedo abordou o tema do arrendamento de parte do edifício sede ao Governo. Pelo menos cerca de 20 mil metros quadrados, estarão disponíveis até ao fim do ano. “Numa primeira fase podemos libertar um piso ou um piso e meio para arrendar” disse o CEO da CGD que reafirmou a vontade de rentabilizar parte do edifício que alberga também a Culturgest. São 15 pisos espalhados por 173.600 metros quadrados de área útil aqueles que compõem o edifício da Caixa na Avenida João XXI, em Lisboa. Mas o banco não precisa de tudo. António Costa recordou esta semana estar em análise “a concentração dos serviços do Governo, eventualmente no atual edifício sede da CGD”.

A meta de conseguir, depois das necessárias infraestruturas de separação e de segurança estarem implementadas para albergar o novo inquilino, arrendar 20 mil metros quadrados do edifício está prevista para este ano. Mas Paulo Macedo admite disponibilizar 30 mil metros quadrados ou mais nos próximos anos. Até admite que a CGD saia do edifício mas nunca antes de 2026.

Os resultados da CGD subiram 18,7% para 583 milhões de euros em 2021. O banco  confirmou também que a recompra das obrigações de elevada subordinação emitidas em 2017 permitirá uma poupança anual de 54 milhões de euros.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.