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Chega corta relações com o CDS-PP devido à sobreposição de congressos

André Ventura acusou centristas de tentarem “humilhar” e “ofuscar” o Chega ao marcarem a sua reunião magna para as mesmas datas, naquilo que descreveu como um exemplo da “incapacidade de assegurar lealdade institucional” por parte do partido liderado por Francisco Rodrigues dos Santos.
Hugo Delgado/Lusa
11 Outubro 2021, 18h26

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou nesta segunda-feira o corte de relações com o CDS-PP. na sequência da decisão dos centristas em marcar o congresso desse partido para o fim-de-semana de 27 e 28 de novembro, datas em que já estava agendada a reunião magna do partido que lidera.

“O CDS mostrou ser um partido completamente incapaz de responder democraticamente aos anseios da população e mostrou ser incapaz de assegurar qualquer lealdade institucional”, disse André Ventura, numa mensagem de vídeo, recordando a existência da “boa prática parlamentar” de os maiores partidos portugueses não realizarem congressos em simultâneo por motivos mediáticos e logísticos.

Segundo o presidente do Chega, a “falta de respeito democrática e institucional” demonstrada pela direção de Francisco Rodrigues dos Santos, cuja proposta de antecipar o congresso do CDS-PP foi aprovada por larga maioria no Conselho Nacional deste domingo,  mostra “como os políticos são capazes de tudo para tentar humilhar e ofuscar os outros”.

Reconhecendo que os centristas “têm hoje mais deputados do que o Chega”, mas sabem quais são as suas intenções de voto nas sondagens e viram os resultados das eleições autárquicas, Ventura disse que o CDS-PP “prefere dar palco à esquerda e dar a mão a este PSD do que criar uma direita forte em Portugal que seja alternativa a António Costa”.

A sobreposição entre os congressos do CDS-PP e do Chega foi apresentada pelo eurodeputado Nuno Melo e alguns dos seus apoiantes como um argumento para que os centristas elegessem a próxima liderança mais tarde – uma carta enviada ao presidente do Conselho Nacional, Filipe Anacoreta Correia, por figuras como Pedro Mota Soares e João Gonçalves Pereira questionava que a antecipação era uma manobra para reduzir as hipóteses de sucesso de candidaturas alternativas à de Rodrigues dos Santos -, mas não surtiu qualquer efeito.

Na mesma mensagem de vídeo o presidente do Chega também comentou a libertação do ex-ministro socialista Armando Vara, numa “notícia que nos deixa a todos perplexos”, e que disse revelar “a hipocrisia e a falência do sistema em Portugal”.

Insurgindo-se contra a “ainda ministra da Justiça” Francisca Van Dunem por Armando Vara ter sido libertado no âmbito das regras relacionadas com a pandemia de  Covid-19, Ventura acusou o Governo de mostrar “que há uma justiça para poderosos e uma para pessoas comuns”.

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