A relação de amor-ódio do líder socialista da Câmara Municipal de Lisboa (CML) com o turismo chegou ao fim. Depois de cinco anos de políticas e decisões desastrosas para a capital, o investimento em obras inexplicáveis como o labirinto para os automobilistas na Avenida da Liberdade, a fraca aposta nos transportes públicos e a repetida promessa oca de casas de renda acessível para os lisboetas, Fernando Medina decidiu pintar o chão de ruas no centro histórico em plena pandemia para turistas que não existem.

As últimas semanas foram um desastre para o presidente da capital entre declarações e decisões tomadas. Ao criticar os responsáveis pela gestão do surto de Covid-19 na área da Grande Lisboa, acabou criticado pelo próprio partido. Perante as declarações da inexistência de testes ao fim-de-semana, foi corrigido. E acaba numa trapalhada indigesta ao assinar um artigo para o jornal inglês “The Independent” onde o título surge inicialmente como “Lisboa vai acabar com o Airbnb” e teve de ser corrigido à pressa e sob fortes críticas para “Lisboa vai acabar com algum do Airbnb”. Parece uma piada mas na verdade é uma tragédia.

No artigo publicado, Fernando Medina defende que “este é o momento de fazer as coisas de forma diferente” e, apesar de reconhecer que a capital portuguesa beneficiou da vinda de milhares de turistas nos últimos anos, declara que também se pagou um “preço social” por este aumento turístico.

Mas foi exactamente o mesmo Medina que fez estas declarações na imprensa britânica que implementou o projecto ZER – Zona de Emissões Reduzidas Avenida Baixa Chiado para reduzir em 40% os carros no centro da capital e agradar aos compromissos assegurados com a extrema-esquerda na câmara, e que, simultaneamente, abriu as portas da capital aos cruzeiros que libertaram 3,5 vezes mais óxidos de enxofre, um gás que provoca problemas respiratórios, dores de cabeça e indisposição, que os 375 mil automóveis que circulam diariamente na capital.

Também foi o mesmo Medina que prometeu neste executivo disponibilizar 6 mil casas de renda acessível e 20 mil a longo prazo para os jovens e famílias de classe média até 2021 no programa Plano de Renda Acessível (PRA). O PRA transformou-se no Programa Renda Segura, que não foi criado para responder à crise do Covid-19, nem tão pouco para aliciar os lisboetas a voltarem ao centro da cidade depois de terem sido expulsos pelos hotéis e os Alojamentos Locais. É apenas uma medida eleitoralista e populista de alguém que está a caminhar para o fim do seu mandato e nada tem para apresentar após o PS governar a capital desde 2007, nos últimos anos com os maiores orçamentos de sempre.

Lisboa cheira mal, cheira a incompetência e propaganda.