Vilões como Al Capone, heróis do desporto como Michael Jordan, pensadores como o economista Milton Friedman e os dois mayors Daley (pai e filho), são alguns dos grandes nomes da história de Chicago. Logo à chegada à maior cidade do estado do Illinois, o visitante percebe, no entanto, que há outros gigantes que marcam o percurso da cidade, feitos de cimento, vidro e metal: os arranha-céus.
A bordo do Chicago’s Leading Lady, o entusiasmo de Linda, guia do cruzeiro que navega pelo ‘museu’ de arquitetura ao longo da margens do rio que partilha o nome da cidade, é contagiante. Oinício da viagem mostra logo a variedade de estilos que marcam o skyline. O contemporâneo, espelhado e imponente Trump Tower (de 2009) fica a meros metros do clássico Wrigley Building (de 1924, mas inspirado no Renascentismo) e do modernismo austero e minimalista do AMA Plaza (de 1971, o último projeto de Mies van der Rohe, mestre alemão naturalizado americano).
Além de oferecer detalhes descritivos e preciosos sobre cada edifício (o 150 N. Riverside “é como um dançarino musculado em bicos de pés”, as torres da Marina City “são como casas nas árvores”), Linda relata a história de cada torre e de como Chicago se tornou na capital pioneira dos arranha-céus.
Tudo nasceu de uma tragédia. Em outubro de 1871, uma vaga de calor seco e vento fez deflagrar um enorme incêndio que em três dias destruiu uma grande parte do centro da cidade.
Dada a importância central de Chicago na economia dos Estados Unidos, a reconstrução foi rápida. Por sorte, coincidiu com novos desenvolvimentos na tecnologia de contrução em estruturas de aço e grandes painéis de vidro. Aoportunidade atraiu alguns dos principais arquitetos do país e ainda jovens promissores, fazendo nascer assim o estilo chamado Chicago School, e cujo marco inicial foi o Home Insurance Building, construído em 1885 e que é considerado o primeiro arranha-céus do mundo. Uma segunda incarnação dessa escola iria nascer nos anos 40, com Mies Van der Rohe como cabeça de cartaz.
No final desse ciclo, surge o expoente:o Sears Tower de 1974, que foi o edíficio mais alto do mundo durante 24 anos, até ser superado pelo Petronas Twin Towers, em Kuala Lumpur.
“Alma da cidade”
No 103º andar da torre, Randy Stancik diretor-geral do edíficio, explica que é o local mais amado por muitos Chicagoans. “O nome do prédio foi comprado pela seguradora Willis há 10 anos, mas quase todos dias sou confrontado por pessoas que dizem que continuar a chamar o edifício de Sears Tower e não Willis Tower. Mostra que ´é mesmo a alma da cidade”.
A torre, detida atualmente pela gigante de private equity Blackstone, acolhe a sede da United Airlines. A companhia de aviação é apenas uma das grandes empresas americanas com base em Chicago, a par da McDonald’s, a Boeing e a Kraft Heinz, entre outras.
Em termos económicos a cidade é a terceira mais importante nos EUA, com um Produto Interno Bruto de cerca de 680 mil milhões de dólares. Os líderes da cidade orgulham-se do facto de a economia ser altamente diversificida e não estar dependente de um setor específico.
Apesar da reputação de ser uma business city, Chicago tem muito mais a oferecer. Além do skyline, há uma forte componente artística. OArt Institute of Chicago, criado em 1879 durante a reconstrução do centro da cidade, é um dos museus mais importantes do Estados Unidos, com uma coleção de 300 mil peças que vão desde bronzes chineses a instalações, passando por quadros americanos como Nighthawks (1942)de Edward Hopper ou American Gothic (1930) de Grant Wood.
Do outro lado da estrada, a sul, está o Millennium Park, o pulmão que a cidade ganhou em 2004. O parque, que tem quase 100 mil metros quadrados e foi desenhado para deixar a cidade respirar do peso dos arranha-céus, acolhe diversos eventos gratuitos, incluindo concertos num pavilhão desenhado por Frank Gehry. Outro dos destaques do parque é a Cloud Gate, escultura do artista indiano Anish Kapoor.
Não são só os olhos e os ouvidos que se regalam em Chicago. Tal como em Nova Iorque ou Los Angeles, a cidade tem um notável menu de restaurantes da alta cozinha, mas também oferece enorme diversidade, desde steakhouses a comida chinesa, grega, italiana e latina. O prato nativo da cidade é, no entanto, a deep pan pizza. Criada, alegadamente, na Pizzeria Uno em 1943, é uma versão alta, quase uma quiche. É pesada, portanto o overordering é mesmo a evitar!
Diversificar as rotas
A bordo do voo inaugural da TAPpara Chicago, efetuado a 1 de junho, Miguel Frasquilho, chairman da companhia, salientou a importância da cidade no panorama americano. “Economia, comércio, indústria, nisto tudo Chicago é uma das principais cidades dos Estados Unidos, mas é na arquitetura que reside o destaque, com os arranha-céus como principal cartão de visita”.
A rota que terá cinco frequências semanais representa a aposta da TAPno reforço do mercado norte-americano, a par de novas ligações diretas inauguradas, também em junho, para São Francisco e Washington D.C.
“As três rotas representam uma expansão da nossa operação e dos nossos horizontes, num mercado que tem sido de rápido crescimento para a TAP”, sublinhou Frasquilho, explicando que a companhia nacional ainda tem uma posição pequena no transporte de passageiros entte os dois lados do norte do Atlântico.
Com estas novas rotas, a TAP passa a voar para oito destinos na América do Norte, numa lista que já incluia Newark, Nova Iorque, Miami, Boston e Toronto, O objetivo é diversificar o negócio e a estratégia passa por reforçar a presença num mercado que entre 2015 e 2018 passou do nono para o terceiro lugar em termos das receitas da TAP, atrás apenas de Portugal e Brasil.
“Agora há condições para que os Estados Unidos se possam aproximar dos primeiros dois” afirmou o chairman da empresa, concluindo que essa estratégia passará por adicionar novos destinos no próximo ano. Houston, Los Angeles ou Atlanta são algumas das opções.
O jornalista viajou a convite da TAP
Artigo publicado na edição nº 1994, de 21 de junho, do Jornal Económico
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