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China coloca dona da Calvin Klein e da Tommy Hilfiger na lista negra

O governo chinês adicionou a PVH à sua lista de “entidades não confiáveis”, o que pode forçar a empresa a encerrar lojas e produção.
China
25 Fevereiro 2025, 07h00

O mercado de luxo na China tem sido um dos mais importantes do mundo, mas enfrenta desafios devido à desaceleração económica e às mudanças nos hábitos de consumo. Com o crescimento mais lento da economia chinesa, a classe média, que antes era um dos grandes motores do setor, tem reduzido os seus gastos. Isso levou marcas como Balenciaga, Versace e Burberry a oferecer descontos de até 50% para atrair consumidores. A situação promete piorar ainda mais com Washington a impor, desde o início de fevereiro, taxas aduaneiras adicionais de 10% sobre todas as importações da China.

Neste mês, num possível sinal de retaliação, o país liderado por Xi Jinping colocou a PVH, dona das marcas de luxo Tommy Hilfiger, Calvin Klein, Warner’s, Olga e True & Co, na lista de “entidades não confiáveis”. Este mecanismo foi criado pela China para proteger os seus interesses nacionais e o ambiente empresarial. No entanto, foi apenas em fevereiro de 2023 que uma entidade estrangeira foi adicionada pela primeira vez à lista. “Como política da empresa, a PVH mantém um cumprimento rigoroso de toda a legislação e regulamentos em todos os países e regiões onde operamos, em linha com os padrões e práticas estabelecidas na indústria. Estamos a comunicar com o Ministério do Comércio Chinês e vamos responder de acordo com a regulamentação relevante”, disse uma fonte da PVH à imprensa internacional.

“Há uma guerra comercial de retaliação em curso, e a China quer mostrar aos Estados Unidos que tomará medidas para prejudicar grandes empresas norte-americanas ou empresas com interesses significativos nos EUA”, disse Michael Kaye, sócio da consultora Squire Patton Boggs, ao canal CNBC. A decisão pode impactar significativamente os negócios da PVH na China, que representa uma parte importante das suas vendas e produção. A empresa pode enfrentar restrições como multas, bloqueios de importação e exportação, revogação de autorizações de trabalho e até a deportação de funcionários.

O grupo PVH está acusado de boicotar produtos de algodão provenientes de Xinjiang, além de ter interrompido transações comerciais normais com empresas, organizações ou indivíduos chineses. Estas práticas são consideradas uma violação dos princípios de comércio de mercado e levaram à abertura da investigação pelo Ministério do Comércio, segundo a agência noticiosa Xinhua. “A China é um importante motor de crescimento”, disse o CEO da PVH, Stefan Larsson, durante uma conferência com investidores no ano passado. “Continuamos focados em impulsionar o conhecimento geral da marca, especialmente na China”, acrescentou.

Em 2023, a China contribuiu com 6% da receita da PVH e 16% do seu lucro antes de juros e impostos, mas a empresa depende ainda mais do país para a produção, o que representa um risco maior para o seu negócio. “Certamente teriam de se apressar para encontrar nova capacidade de produção. Conseguiriam fazer isso com o tempo, claro, mas os dois principais problemas são que, como muitas cadeias de abastecimento operam em just-in-time, provavelmente enfrentariam escassez de inventário durante a transição. O outro problema, claro, é a qualidade”, afirmou Neil Saunders, diretor da GlobalData e analista de retalho, à CNBC.

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