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Choque fiscal no Reino Unido: impostos sobem 40 mil milhões de libras

Rachel Reeves anunciou um enorme aumento de impostos sobre empresas e sobre as grandes fortunas. O primeiro orçamento do Partido Trabalhista em 14 anos reverter mais de uma década de declínio nos serviços públicos.
© HM Treasury / Lauren Hurley
31 Outubro 2024, 07h30

Após meses de especulação desde a vitória esmagadora do partido nas eleições gerais, a ministra do Tesouro (Finanças) do Reino Unido, Rachel Reeves, revelou um pacote abrangente de aumento de impostos que ela disse diz ser vital para equilibrar as contas e virar a página da austeridade. “A única forma de melhorar os padrões de vida e a única forma de impulsionar o crescimento económico é investir, investir, investir”, disse Reeves. Para investir é preciso dinheiro, e os trabalhistas decidiram ir busca-lo onde ele está.

O aumento nas contribuições para o seguro nacional (Nics) pagas pelos empregadores – no valor de 25 mil milhões de libras juntamente com aumentos no imposto sobre ganhos de capital, nos impostos sobre herança, no IVA em escolas particulares e no regime tributário não-residentes, compõem um enorme bolo de 40 mil milhões de libras – cerca de 48 mil milhões de euros.

A chanceler disse, citada pela imprensa, que o orçamento é o cumprimento de uma promessa de proteger os trabalhadores do aumento de impostos: “é uma promessa feita e uma promessa cumprida.”

Isso significava, refere o “The Guardian”, que não haveria aumentos de impostos sobre o rendimento ou no IVA. O governo evitou um aumento de 7 centavos de libra por litro no imposto sobre combustíveis e estendeu um congelamento multibilionário nos limites de impostos pessoais. “Este governo escolhe proteger os trabalhadores todas as vezes”, disse Reeves.

O NHS (o sistema de saúde público) foi o principal vencedor. Reeves anunciou um extra de 22,6 mil milhões de libras para gastos diários e um aumento de 3,1 mil milhões para o orçamento de capital para este ano e o próximo. A ministra prometeu “não voltar à austeridade” e entregar mais dinheiro para escolas e para o setor da Educação.

Os aumentos de gastos operacionais dos ministérios serão limitados a 1,5%, abaixo dos 2% esperados, o que significa que alguns ministérios desprotegidos, incluindo o Ministério do Interior e o Departamento de Transportes, terão os seus orçamentos apertados, conclui a análise do jornal britânico.

Reeves recordou que o choque do orçamento se deve também ao “buraco negro” nas finanças públicas que o anterior executivo – e todos os conservadores nos 14 anos anteriores – deixou como herança aos trabalhistas. No primeiro orçamento feito por uma mulher, Reeves disse que as escolhas difíceis de aumento de impostos foram necessárias para estabilizar as finanças públicas depois de receber uma terrível herança económica dos conservadores.

“Para começar uma década de renovação nacional, fixar as bases e promover mudanças, por meio de uma liderança responsável no interesse nacional. É essa a nossa tarefa e sei que podemos alcançá-la”, disse.

Esperava-se que as mudanças radicais atraíssem críticas renovadas depois de o Partido Trabalhista prometer durante a campanha eleitoral que apenas faria aumentos mínimos de impostos.

Refira-se que os mercados reagiram mal ao orçamento. Os mercados financeiros reagiram vendendo posições sobre ativos do Reino Unido, levando a um aumento nos custos dos empréstimos do Estado.

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