A cibersegurança representa hoje, simultaneamente, um dos maiores desafios e oportunidades para as empresas. Em 2025 existirão três fatores especialmente relevantes, e para os quais os dirigentes de empresas, a gestão de topo e os cidadãos em geral devem estar particularmente atentos: a democratização da inteligência artificial generativa (GenAI), as novas regulamentações europeias, e o impacto do panorama geopolítico na cibersegurança e na soberania internacional.

A GenAI já está a revolucionar a forma como as empresas detetam, mitigam e respondem a ameaças de cibersegurança. No entanto, a mesma tecnologia que reforça as defesas também potencia ataques cada vez mais sofisticados. Deepfakes, fraudes personalizadas e malware inteligente são apenas alguns exemplos da utilização maliciosa da GenAI por cibercriminosos. O desafio, para as empresas, será usar a IA de forma estratégica, garantindo supervisão e gestão de riscos associada à sua utilização corporativa. Para os cidadãos, governo e sociedade, o uso ético de dados pessoais será um tema central uma vez que, com o aumento da digitalização e da utilização de inteligência artificial, a privacidade dos cidadãos estará sob crescente pressão.

As novas diretivas europeias colocam os líderes empresariais sob maior escrutínio. A NIS2, direcionada a setores críticos, e o DORA, focado no setor financeiro, responsabilizam diretamente os conselhos de administração por falhas de conformidade com as novas leis europeias.

Esta mudança significa que a responsabilidade sobre a segurança digital não pode mais ser delegada exclusivamente às equipas técnicas, impondo uma integração da segurança no núcleo estratégico das organizações. Garantir uma operação resiliente e preparada para enfrentar crises tornou-se numa responsabilidade da gestão de topo. Para os cidadãos e a sociedade, estas diretivas reduzem a probabilidade de ciberataques em serviços críticos, como bancos ou hospitais, garantindo maior estabilidade e proteção de dados e o cumprimento das regulamentações fortalece a confiança no ambiente digital, incentivando a adoção de serviços online de forma mais segura e eficiente.

Não menos importante, em 2025 o impacto geopolítico na cibersegurança será determinante, amplamente motivado por uma escalada de conflitos internacionais, uma expansão do cibercrime organizado com ligações geopolíticas e a instabilidade política em alguns países. Ataques a infraestruturas críticas, como redes de energia, transportes ou sistemas hospitalares, já demonstraram causar interrupções devastadoras em serviços essenciais. Paralelamente, campanhas de desinformação digital continuarão a ser usadas para manipular a opinião pública, influenciar processos eleitorais e dividir sociedades. Operações de espionagem cibernética, patrocinadas por estados, ameaçam a soberania nacional e a competitividade económica, ao comprometerem informações sensíveis e estratégicas.

Neste cenário, a colaboração entre empresas, governos e organizações internacionais será crucial. A partilha de conhecimento, e experiências, em tempo real e o desenvolvimento de protocolos de respostas conjuntas serão vitais para proteger setores inteiros e mitigar os impactos destas ameaças globais. A cibersegurança deixará de ser uma preocupação isolada e passará a exigir esforços coordenados, posicionando-se como um elemento-chave para garantir a estabilidade e a resiliência global.

Ao mesmo tempo que celebramos a entrada num novo ano e os objetivos alcançados em 2024, em 2025 a cibersegurança deixa de ser apenas uma barreira contra ataques para se tornar um motor de confiança e resiliência Quem liderar com determinação e antecipação terá a confiança necessária para prosperar num ambiente cada vez mais competitivo, regulado e desafiador. A cibersegurança não é apenas sobre proteger o presente, é sobre garantir a sustentabilidade, o sucesso no futuro e a soberania internacional.