A jovem ativista sueca Greta Thunberg vem a caminho de Portugal a bordo de um veleiro. A jovem será recebida na Assembleia da República e podemos certamente contar com uma intervenção sua sobre as alterações climáticas.

Greta e outros ativistas têm desempenhado um papel fundamental na consciencialização da opinião pública mundial sobre as causas e os efeitos das alterações do clima. Mas este ativismo emocionado, alimentado pelo fulgor da juventude, tem também um lado negativo, que é o risco de se transformar numa espécie de culto milenarista utilizado por alguns para tentar enfraquecer o sistema político e económico em que vivemos (e que encontra, do outro lado do espectro ideológico, um nível semelhante de irracionalidade, como temos visto da parte do negacionista presidente Trump).

Senão vejamos: quando os ativistas afirmam que as alterações climáticas vão pôr fim à civilização humana, fazem-no sem provas científicas que sustentem essas afirmações. O mesmo acontece quando dizem que temos X anos para salvar o planeta, que vão morrer milhares de milhões de pessoas ou que as águas do mar vão engolir países inteiros. São frases boas para fazer manchetes de jornais e gerar cliques nas redes sociais, mas que não são suportadas pela Ciência (a este respeito recomendo a leitura do último relatório do IPCC, da ONU, em https://www.ipcc.ch/).

As alterações climáticas representam um grande problema para a Humanidade e para o planeta, colocando em risco a sobrevivência de milhões de seres humanos e de milhares de espécies. Temos por isso de apostar em energias mais limpas, reduzir as emissões de carbono e de tomar medidas para minorar os efeitos deste processo. Mas não existe consenso científico sobre os cenários de destruição e catástrofe generalizadas que têm sido profetizados por alguns ativistas. As alterações climáticas são um problema grave, sim, que vai afetar sobretudo o chamado Terceiro Mundo (e não só), mas são apenas um entre vários desafios que a Humanidade terá de resolver nas próximas décadas, fazendo uso da ciência e da tecnologia. Em suma, falta mais ciência e menos ideologia neste debate.

O mais provável é que, partindo do princípio de que não aparece um louco que carrega no botão nuclear, Greta e os jovens da sua geração tenham boas probabilidades de viver até ao século XXII.