O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, sinalizou esta quinta-feira que a economia e as empresas portuguesas terão de fazer “um esforço maior” do que as congéneres europeias na recuperação pós-pandemia. O “patrão dos patrões” critica o Governo pelos apoios “insuficientes” e tardios às empresas e defende que deveria ter sido dada “maior robustez às ajudas” disponibilizadas.
“Na retoma [económica] que todos desejamos, há países que tiveram ajudas mais robustas do que aquelas que Portugal deu à sua economia que vão partir da primeira linha de partida, quando nós vamos partir em 7.º ou 8.º lugar”, referiu António Saraiva, no Observatório sobre “a Recuperação Económica depois da Covid-19”, organizado pelo Jornal Económico e pelo Crédito Agrícola esta quinta-feira.
O líder da CIP afiançou que as medidas de apoio do Estado são “sempre bem-vindas” porque vêm “sempre aliviar o esforço gigantesco” que as empresas portuguesas enfrentam para sobreviverem em tempos de pandemia, “em todas as suas tipologias e muito particularmente nas micro e pequenas empresas mais atingidas do turismo”. “O problema do apoio é que foi insuficiente e chegou a algumas empresas tarde”, destacou.
Para António Saraiva, os apoios às empresas e à economia deveriam ser “de montante adequado, rápidos, eficazes e simples”, estruturados naquilo a que chamou de “Simplex Covid para agilizar procedimentos”. E sublinhou: “Era preferível ter-se corrido o risco de algum aproveitamento, que o facilitismo do apoio pudesse cometer, penalizando esses casos que deveriam ser depois auditados, mas isso não aconteceu”.
Apoios à economia e empresas em Portugal foram de apenas 2,3% do PIB
Em relação aos montantes disponibilizados, o líder da CIP salientou que, ainda numa União Europeia (UE) a 28 (contando ainda com o Reino Unido, que deixou a UE em janeiro de 2020), Portugal está em 26 lugar no ranking de países que mais percentagem do PIB [produto interno bruto] disponibilizaram no apoio à economia e às empresas nacionais. Atrás de Portugal, ficam apenas “a Roménia e a Dinamarca”, referiu.
Ao todo, as ajudas do Estado português à economia fixaram-se em 2,3% do PIB nacional. “É esta ajuda do Estado à sua economia que revela um montante muito baixo em relação à dimensão do problema e à ajuda que poderia ser dada”, sublinhou o representante dos patrões, notando que a Alemanha e Grécia disponibilizaram ajudas no valor de 11% do PIB, a Áustria 8,6% do PIB e a França 7,7%.
António Saraiva referiu que isso implica que os apoios “não chegaram em montantes que as empresas necessitavam” e que “vai ser exigido à economia e às suas empresas um esforço ainda maior” na retoma económica. “A recuperação vai ter de ser feita com um esforço acrescido para as nossas empresas, para obter um crescimento que todos desejamos e para ombrear com as suas congéneres europeias”, disse.
À assimetria de as empresas portugueses não terem apoios “proporcionalmente equiparáveis” com os das congéneres europeias e ao “excessivo receio” do Governo com as contas públicas, junta-se o facto de estarem pouco capitalizadas e terem uma estrutura empresarial “com capitais próprios deficitários”. António Saraiva defendeu que, por isso, o Banco de Fomento já deveria “estar no terreno” para apoiar as empresas.
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