[weglot_switcher]

CIP: “Governo não pode ficar à espera dos fundos comunitários. Tem de ser mais ousado”

António Saraiva, presidente da CIP, criticou a morosidade com que as medidas anunciadas pelo Governo demoram a “chegar ao terreno” e desafiou o Executivo a “concretizar” os apoios.
Cristina Bernardo
14 Dezembro 2020, 17h40

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal — CIP, António Saraiva, lançou esta segunda-feira críticas à morosidade com que as medidas de apoio à economia anunciadas pelo Governo têm chegado ao terreno.

“Louvamos as medidas que o Governo tem lançado, só que o atraso das mesmas tem matado alguma realidade económica, tem deixado morrer alguma desta realidade empresarial e  ameaça seriamente a manutenção de outras [empresas]”, disse o patrão dos patrões na apresentação do 11º inquérito às empresas no âmbito do projeto “Sinais Vitais”, que é realizado pela CIP em conjunto com o FutureCast Lac do ISCTE.

António Saraiva lembrou as medidas que a CIP propôs em abril e maio deste ano — apoios às empresas a fundo perdido e medidas de capitalização das empresas — e vincou que “já deviam estar no terreno há mais tempo”.

“É este o desafio que lançamos ao Governo: que seja rápido. Não chega anunciar, há que concretizar” as medidas, reforçou o presidente da confederação patronal.

O presidente da CIP considerou que as medidas de apoio devem obedecer aos critérios da rapidez, racionalidade e proporcionalidade, que não têm sido verificados. “Rapidez é coisa que estas medidas não têm tido, porque têm sido sido tardiamente lançadas, nem sempre com a racionalidade que deveriam ter e nem com a proporcionalidade de critérios e a facilidade de acessos que deviam ter. Essa é a nossa crítica”, disse.

De resto, António Saraiva afirmou que o “Governo não pode ficar à espera dos fundos comunitários”.

“Tem de ser mais ousado e comparar-se com outros Estados que têm acudido de forma mais célere e em montantes mais significativos o apoio às suas economias. Sabemos que as contas públicas, a elevada dívida pública e o acumular do défice que esta crise provoca exigem alguma sensatez mas também é verdade que a economia tem regras que não se compadecem com esta morosidade. Se não acautelarmos a capacidade instalada, se não defendermos o mais possível os postos de trabalho, se não lançarmos medidas objetivas e de rápido acesso”, salientou o responsável.

Os resultados do inquérito foram esta tarde apresentados por meios telemáticos, tendo sido inquiridas 431 empresas, entre os dias 4 e 10 de dezembro.

O inquérito versou sobre as perspectivas futuras das empresas e concluiu que, nos próximos quatro meses, por comparação com o período homólogo, 48% das empresas esperam uma diminuição do volume de vendas.

Quanto menor a dimensão da empresa, maior será a diminuição da faturação dos próximos quatro meses face a igual período do ano passado. Mais de cinco em cada dez micro empresas antecipam faturar menos do que no ano passado até março de 2021, enquanto 48% das pequenas empresas e 42% das médias empresas antecipam um menor volume de vendas. Já entre as grandes empresas, apenas um terço antecipa uma queda da faturação.

Em relação ao emprego, a esmagadora maioria das empresas (74%) antecipa manter o mesmo número de colaboradores nos próximos quatro meses, por comparação com igual período do ano passado, numa tendência que é transversal a todas as dimensões das empresas.

De resto, quanto às perspectivas de investimento a doze meses, 39% das empresas pensam diminuir o investimento de 2021 por comparação com 2019, uma tendência que também é transversal às diferentes dimensões das empresas. Apenas 19% das empresas antecipam um aumento do investimento, enquanto 42% projetam a manutenção do volume de investimento.

 

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.