O debate foi um tédio, ainda bem que foi o último. Pouco ou nada de importante se discutiu. Tirando a parte dos gatos, claro. Um assunto de altíssimo gabarito internacional.
Quem venceu? Talvez a senhora que, até há uns meses, era uma barata tonta e, de um dia para o outro, se converteu na profetisa da alegria.
Há, porém, quem o conteste. Victor Davis Hanson, prevê a derrocada dos debates televisivos, conduzidos por moderadores de serviço. O futuro parece estar em Podcasts, como o de Lex Fridman, que prefere uma boa conversa à mera encomenda política. Para Hanson, este debate fez lembrar o de Nixon vs. Kennedy (1960), após o qual, quem o tinha ouvido na rádio estava convencido de que o Republicano havia ganho, enquanto quem o assistira na TV dava a vitória ao Democrata. E tudo porque a TV mostrava uma fragilidade de Nixon que escapava aos ouvintes, o suor no rosto, que geralmente associamos a preocupação e nervosismo. Com Trump vs. Kamala, algo similar ocorreu. Kamala, apesar da impressão inicial de vitória, não consegue esconder uma atitude juvenil; verbalmente presa a clichês que já não convencem. Daí que não tenha convencido os indecisos, que mais ou menos dirão: “Parabéns, moçoila, ganhaste… agora, leva lá o triciclo que preferimos votar no outro”.
Dito isto, aqui para nós que ninguém nos ouve (só lê): acham que importa assim tanto quem venceu o debate, ou quem vencerá as eleições? Ao contrário do que se pensa, do establishment ninguém nos livra. Se Kamala serve os senhores da guerra contra a Rússia, Trump, que insiste em escapar a tentativas de assassinato, serve os da guerra contra o Irão.
E a Europa? Desmilitarizada, sujeita à loucura de alguns e ao abandono de outros. Sem messias que nos valha, Bruxelas continuará a estrangular os países com dívida e regulação, provavelmente inspirada o ancestral hábito lusitano de lançar taxas e taxinhas a eito. França continuará a gastar à barda, contando já com um déficit de 6%. A Alemanha a queimar carvão (ignorando a autêntica energia verde, a nuclear) e a despedir massivamente funcionários da indústria automóvel. E Draghi recomenda salvar a indústria europeia com mais um decreto, que como sabemos, desde os planos quinquenais sóvieticos, é remédio santo.
Portanto, não contem comigo para euforias. A alternativa ao péssimo é apenas o mau. Resta o circo, sem pão – que a vida está cara.